Já em Portugal, com a ajuda do pai e através de alguns cursos, Sara tem treinado arduamente a língua portuguesa e hoje já consegue falar, escrever e principalmente perceber o que é falado à sua volta. A barreira da língua foi um dos grandes obstáculos durante a licenciatura de Ciências da Comunicação na UBI, em que teve de repetir o primeiro ano, apesar dos esforços.
“Sinto muita falta de entender a cem por cento o que as pessoas estão a dizer”, confessa.
No que diz respeito à gastronomia, Sara aprecia bastante a culinária portuguesa, no entanto ressalta que os sabores são “bastante mais simples” do que no Japão. Até vir para Portugal, Sara não costumava comer muita fruta, porque no Japão é um dos produtos mais caros: “lá comer fruta é muito raro”.
Do ponto de vista de Sara, a integração foi difícil devido ao facto de os portugueses não facilitarem a entrada de novas pessoas em grupos que já estão formados: “Quando ficam em grupo a ligação é muito forte, eu já percebi isso. Mas quando entra uma pessoa nova eles não convidam à conversa e falam sempre do que é comum entre eles”.
Quatro anos depois de se instalar na Covilhã, Sara tem agora três animais de estimação, um cão chamado Kuro, que adora passear no Jardim Público, e dois gatos, animais tradicionalmente adorados pelos japoneses.
Sente muita diferença nos costumes e hábitos dos portugueses. Por exemplo, o hábito de entrarem em casa e não tirarem os sapatos ou de não se sentarem no chão. Também acha que os portugueses são muito tranquilos e não têm muita pressa em fazer as coisas.
Desde que está em Portugal, Sara já regressou várias vezes ao Japão e os seus amigos notaram que estava a ficar “mais portuguesa”.
Não foi apenas a sua forma de pensar que mudou, mas também a aparência física. Sara imagina-se a trabalhar na
embaixada juntando o melhor dos seus mundos: Japão e Portugal. “Se conseguir queria trabalhar na embaixada ou numa
empresa que faça a ligação com o Japão”.