Laboratório de Jornalismo

O 10º aniversário do Urbi et Orbi ocorre quando o jornalismo, enquanto forma de informação noticiosa e de debate público, se encontra em crise profunda. Não são só jornais impressos a fecharem, a darem prejuízo aos donos, a despedir jornalistas, as rádios e as televisões também perdem audiências e receitas de publicidade. Sobretudo os jovens, que cresceram com a Internet e os telemóveis, dispensam o jornalismo tal como tem sido feito até aqui. Mesmo os estudantes de Jornalismo raramente compram ou lêem um jornal impresso e os noticiários não fazem parte dos programas televisivos que mais vêem.
O declínio das formas tradicionais de jornalismo não significa, contudo, o fim do jornalismo. Precisamos de jornalismo porquanto sangue das sociedades democráticas. Assim, e como não há soluções milagreiras, há que ir experimentando novas formas de jornalismo. A Internet e, sobretudo, agora os telemóveis, instrumentos universais de comunicação, obrigam a tentar novas formas de jornalismo. Quem experimenta coisas novas falha o mais das vezes. Mas, como diz o ditado, quem não arrisca não petisca. Daí a necessidade de termos meios de experimentação.
O Urbi tem sido ao longo dos dez anos um laboratório de jornalismo. Continua a sê-lo e a mostrar que o é. Começou por ser uma simples experiência de jornalismo online, passou a correr em base de dados, incluiu som e vídeo nas suas reportagens, concretizou a ideia de webjornalismo, foi adaptando o design ao espírito do tempo, e, sobretudo, deu azo aos estudantes de jornalismo de praticarem “ao vivo” jornalismo. A UBI tem beneficiado muito com este laboratório, graças ao fluxo de informação dentro da comunidade académica e à visibilidade informativa que adquire na região. E sendo um laboratório assaz produtivo, é sem dúvida o laboratório mais barato de toda a universidade.
Com isto não se pretende dizer que o Urbi é feito apenas de sucessos. Considero que a principal falha foi não conseguir ser o palco privilegiado de debate dentro da universidade. Os artigos de opinião têm mesmo diminuído. Ora um jornal tem de promover o debate, a exposição e discussão de ideias. Tem de dar um papel relevante à opinião. É verdade que muita da opinião passa hoje pelos blogues, mas aí temos entradas de, às vezes, apenas um parágrafo ou mesmo de uma única frase. A opinião de jornal tem de ser mais trabalhada, mais argumentada.
Com os devidos parabéns à equipa do Urbi, nomeadamente à Direcção, Profs João Canavilhas e Anabela Gradim, ao chefe de redacção, Dr. Eduardo Alves, fica também o apelo a um maior empenho na promoção de opinião no jornal. E que o laboratório que, indiscutivelmente, o Urbi é quanto a notícias, seja também quanto à publicação de artigos de opinião.

> marcoafamorais @ hotmail . com em 2010-02-02 11:44:08
Sempre bom ler o professor Fidalgo. Seja em que formato for. O que até se adequa à opinião dada, dado que não me importaria de ler por aqui,todas as terças, a visão do professor. Agora que já não estudo na UBI seria uma excelente forma de recordar uma das melhores experiências que por lá vivi: as aulas do professor. E claro que tenho de dar os parabéns a todos os envolvidos, pelo novo formato do urbi et orbi. Sem me querer esquecer de ninguém, acho que o grande Eduardo, o exigente (ainda bem que assim é) Canavilhas e a paciente Gradim, merecem umapalavra especial neste momento. Para além da, obviamente, já dada ao fundador, visionário, de um jornal on-line onde pude aprender imenso sobre jornalismo. Bem haja a todos