Após anos de queixas do Ensino Superior, eis que o Governo decidiu acabar com a novela “Não sei se o dinheiro chega para os ordenados de Dezembro”. Com a economia a crescer e uma maioria absoluta, o Governo nunca respondeu aos pedidos do Ensino Superior. Sem maioria no Parlamento e com o mundo mergulhado numa crise, um Governo do mesmo partido, e o mesmo ministro, decidem reforçar o apoio ao Ensino Superior. Obviamente é uma mudança que se saúda, mas fica a dúvida: porquê agora? Não há eleições no curto prazo, não foram ouvidas ameaças de greve, nem consta que o Ensino Superior seja um sector com grande peso social, pelo que a mudança de atitude é ainda mais misteriosa.
Na minha perspectiva, a explicação só pode ser uma: o Governo acredita mesmo que o Ensino Superior tem um papel importante na resposta à crise. A ser assim, este reforço de verbas transfere para as Universidades e Politécnicos uma responsabilidade acrescida no longo processo de recuperação económica que agora se inicia. Às escolas compete responder ao desafio. Como? Reforçando a qualidade do ensino e financiando cursos fundamentais que neste momento não têm procura. Mas também promovendo melhor investigação, transferindo mais tecnologia para as empresas e apoiando o empreendedorismo dos seus licenciados. Com esta resposta, o Ensino Superior justificará plenamente o reforço que agora recebeu, assegurando a manutenção destes níveis de financiamento em próximos orçamentos.
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