À conversa com…Lauro António
O Teatro das Beiras (TB) iniciou a semana passada um conjunto de eventos para a promoção da peça de teatro “A Neve”. “Vergiliando – viagem ao universo de Vergílio Ferreira” é o nome de todo um conjunto de actividades que irão ser organizadas até ao final do mês pelo TB, relacionadas com o escritor, oriundo de Melo, Gouveia. É nesse contexto que foi levada a cabo uma tertúlia com o realizador de cinema Lauro António, amigo e apreciador das qualidades e virtudes do escritor.
> Bruno Sousa“Vergiliando – viagem ao universo de Vergílio Ferreira” começou na quinta-feira, 14 de Janeiro, com a apresentação na Cinubiteca de dois documentários, “Vergílio Ferreira numa “Manhã Submersa” e “Prefácio a Vergílio Ferreira” e duas longas-metragens, “Manhã Submersa” e “Mãe Genoveva”. Todas as películas são realizadas por Lauro António e têm em Vergílio Ferreira um denominador comum: os documentários são sobre o escritor e as longas-metragens são retiradas de textos seus.
Na sexta-feira foi então realizada a tertúlia, no Café Concerto do Grupo de Intervenção Cultural da Covilhã (GICC), que contou com a presença, para além do realizador de cinema, de Luís Nogueira, docente da UBI, e de Sónia Botelho em representação do GICC e grande entusiasta do escritor Vergílio Ferreira.
Num ambiente descontraído Lauro António expôs todas as suas memórias sobre Vergílio Ferreira, falou sobre a obra do escritor, sobre os filmes efectuados a partir dessa obra e ainda sobrou tempo para se falar sobre o “estado” do cinema português.
Sobre a escolha do livro “Manhã Submersa” para realizar um filme, o historiador que adorava ler quando era criança realçou que “esse romance marcou-me muito, pois, era uma história sobre um miúdo da minha idade que estava a ser pressionado por toda uma estrutura social que consegue condicionar a vida do protagonista”. Realça que “essa era um pouco a ideia de um Portugal amordaçado, cinzento, paternalista; um pouco a ideia de Salazar e de um Estado Novo que tentava orientar as pessoas para o melhor mas obrigava-as a seguir o caminho escolhido por eles”.
O crítico de cinema defende que “o cinema português está a sofrer porque só se patrocinam grandes produções deixando ficar de lado o verdadeiro cinema, o cinema de autor”.
Durante a noite foi apresentada na sala de espectáculos do TB a peça de teatro “A Neve”, construída a partir de cinco contos de Vergílio Ferreira: “O Encontro”, “A Palavra Mágica”, “A Fonte”, “A Galinha” e “A Estrela” encenada por José Carretas e representada por Fernando Landeira, Pedro Damião, Pedro da Silva, Rui Raposo Costa, Sónia Botelho e Teresa Baguinho.
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