Diabetes: o tsunami da saúde
A diabetes causa cerca de cinco por cento das mortes no mundo por cada ano. As mortes por esta doença poderão aumentar mais de 50 por cento nos próximos dez anos.
> Eulália GarciaA diabetes é uma doença em crescimento que atinge cada vez mais pessoas e mais jovens em todo o mundo. Simões Pereira, director do serviço de Endocrinologia do hospital D. Pedro em Aveiro, explicou que “a diabetes tipo 2, que era habitual ser detectada nos adultos, cada vez mais em crianças”.
Existem várias formas de diabetes, mas os oradores que estiveram neste seminário sobre Diabetes realizado na UBI incidiram sobretudo na Diabetes Mellitus, a que apresenta maior prevalência. Manuel Lemos, professor na Faculdade de Ciências da Saúde, alertou para o facto de muitos casos da diabetes serem assintomáticos e detectados apenas em diabetes do tipo 2, isto porque “na altura do diagnóstico há muitas pessoas que já têm diabetes de tipo 2”. Em média, o diagnóstico deste tipo de diabetes é feito seis a sete anos após a evolução da doença. Associada à diabetes podem ocorrer outras complicações que, caso não sejam tratadas ,podem levar a um AVC ou mesmo à morte.
O diagnóstico laboratorial da diabetes realiza-se através da “monitorização da doença e da prevenção”, salienta Paulo Tavares, professor na Faculdade de Ciências da Saúde da UBI. Já para Fátima Proença, técnica numa farmácia comunitária, a solução para o problema passa também pela reorientação dos cuidados de saúde, pelos serviços farmacêuticos e serviços diferenciados, pelo método SOAP, pela sistemática de seguimento e, acima de tudo, pela boa relação entre o farmacêutico e o doente.
Um dos alertas que Alice Mirante, professora na Faculdade de Ciências da Saúde da UBI, fez no seminário teve a ver com a obesidade nas crianças, pois é um dos principais factores que leva à diabetes. O excesso de peso é uma causa endócrina que se traduz na baixa estatura a criança, baixa velocidade no crescimento e atraso da maturação óssea. Tem também uma causa endógena, pouco frequente, e causas genéticas, como atrasos no desenvolvimento, podendo ainda dever-se a causas de fármacos. A obesidade em crianças e jovens tem aumentado em todos os países e isso deve-se à melhoria da qualidade de vida, afirma Alice Mirante. O rastreio a esta doença efectua-se normalmente antes dos dez anos, embora seja aconselhado apenas a partir dessa idade. Devido ao elevado número de crianças e adultos com peso superior ao recomendado, os especialistas apostam na prevenção Segundo Alice Mirante, as crianças devem ter um bom suporte educacional para que se consiga controlar a obesidade e a diabetes. Os pais têm um papel importante na medida em que “a partir do momento em que são informados, percebem qual o objectivo do tratamento e empenham-se em ajudar a criança”.
A diabetes, devidamente tratada, não impede o doente de ter uma vida perfeitamente normal e autónoma. Contudo, é fundamental que o diabético se ajude a si mesmo, autocontrolando a sua doença: o método mais usado é a administração contínua de insulina através de uma bomba. Desta forma, os doentes podem ajustar as doses de insulina consoante a alimentação que praticam, tendo ao seu dispor um esquema exemplificando a quantidade de insulina que deve ser administrada. No entanto, a prática de exercício físico, preferencialmente ao ar livre, é uma mais-valia para o tratamento e para a redução nas doses de insulina a administrar.
Segundo estudos epidemiológicos, a diabetes tipo2 é a grande epidemia que se avizinha e nem todos os países, mesmo na Europa, têm bons programas de luta contra a diabetes. Em Portugal esses programas existem e mesmo assim espera-se que em 2010 existam 2,85 milhões de diabéticos e em 2030 cerca de 438 milhões.
Multimédia