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Fogo de artifício em Baião

BAIÃO: Neve, frio e chuva na passagem de ano

A tarde do dia 31 de Dezembro ficou marcada pela presença de neve no concelho de Baião. A poucas horas da passagem para 2010, o frio e a chuva “convidavam” parte dos baionenses a ficarem em casa ao redor da lareira.

> Daniela Oliveira

Enquanto uns decidem ficar junto da família, outros dispensam qualquer laço familiar e dedicam este último dia do ano aos amigos: “o Natal, sim, é para a família. Já a passagem de ano é para a brincadeira e para os copos com os amigos”, refere José Pereira.
A tradição cumpre-se mais um ano em casa de Eva Freixo e Manuel Monteiro, e os preparativos para a chegada do novo ano começam logo no final de almoço. A família reúne-se em volta da lareira e mãos à obra. As tarefas são distribuídas consoante o grau de responsabilidade: os mais novos decoram da mesa dos doces e colocam os pratos e talheres na mesa maior do que o habitual, os mais velhos ocupam-se com a confecção da comida. “Isto é uma forma de associarmos o trabalho ao divertimento, fazendo com que no final da noite ainda tenhamos forças para dar um pé de dança”, diz Alice Monteiro.

A aletria, as filhós, bolo-rei, sonhos, salada de fruta, rabanadas de coco, leite e vinho são alguns dos doces escolhidos para saciar esta família constituída por 35 elementos, dos 3 meses aos 75 anos. Mas não são só os doces que enfeitam a mesa da família Monteiro: também o bacalhau com batatas, cenouras, ovos e couves cozidas voltam à mesa neste dia. São todas estas iguarias que deliciam a maior parte dos baionenses enquanto esperam pela meia-noite. Todos tentam passar o tempo da melhor maneira: uns jogam às cartas, outros cantam, dançam, e a tradição nesta casa é ensaiar um cântico para quando as 12 badaladas baterem se dirigirem à casa dos vizinhos desejando-lhe um bom ano.

Quando o relógio de parede lá de casa se aproxima da meia-noite, todos se preparam: 12 passas na mão, uma garrafa de champanhe, uma panela e uma colher velhas. As 12 passas representam os 12 desejos que cada um tem para o ano de 2010: “muita saúde é o que desejo, e que para o ano estejamos novamente aqui”, afirma Manuel Monteiro. A panela e a colher servem para mandar embora, de vez, o ano velho e dar as boas vindas ao novo, saindo toda a família para a rua para fazer barulho. Mas as tradições, e costumes, não acabam aqui, como afirma Fernanda Monteiro “não podemos esquecer a roupa interior azul, para dar muita sorte, dinheiro e amor neste novo ano”.

No dia 1 de Janeiro, a maior parte dos baionenses tem para almoço o “farrapo velho”, feito com as sobras do bacalhau, batatas e couves da noite anterior, e o “verde”, ou bazulaque, feito com sangue e miúdos do anho, uma carne de ovelha velha. O anho assado, batatas e arroz, também estão na ementa da população de Baião.
Os dias 31 de Dezembro e 1 de Janeiro são para convívio e união entre famílias, e, principalmente, para o reencontro daqueles que estão no estrangeiro, como é o caso de Carla e Marisa Oliveira, “andámos um ano à espera deste dia. É um dos poucos momentos em que temos a família toda reunida. Sentimo-nos muito felizes”, afirmam.


Fogo de artifício em Baião
Fogo de artifício em Baião


Data de publicação: 2010-01-05 00:00:01
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