Em entrevista ao jornal O Interior da semana passada, Manuel Frexes, presidente da Câmara do Fundão, defende que Fundão e Covilhã se devem juntar numa só cidade. O autarca vai mais longe dizendo mesmo que a junção das duas cidades num grande pólo urbano é “inexorável”, sublinhando que vai “continuar a desenvolver e a caminhar nesse sentido”. A intenção é boa, mas a verdade é que pouco ou nada se tem feito na defesa de interesses comuns às duas cidades.
Sabendo-se que o grande obstáculo a qualquer reorganização geográfica é o poder político, saúde-se que uma das partes tenha vindo defender aquilo que é manifesto e evidente: a região só pode ser competitiva se ganhar dimensão. Para que tal seja possível, as duas cidades devem juntar-se num pólo urbano de dimensão média que explore os pontos fortes dos dois concelhos numa perspectiva de complementaridade.
O Fundão é um concelho mais rural que poderia apostar na fileira agro-florestal. Sendo uma cidade com uma geografia muito favorável para a construção, poderia ainda criar zonas residenciais com amplos espaços de desporto e lazer e uma boa rede pré-escolar. Uma oferta deste género atrairia jovens casais, desenvolvendo os sectores do comércio, da cultura e do lazer. A piscina coberta do Fundão e a Moagem são dois bons exemplos de estruturas que atraem os covilhanenses. A Covilhã, por seu lado, apostaria na Universidade e nas empresas ligadas às novas tecnologias que procuram a mão-de-obra qualificada saída da UBI. Resta ainda o turismo que, curiosamente, é complementar: a Covilhã mais virada para a montanha, o Fundão mais dedicado ao turismo rural e aos múltiplos eventos organizados em torno dos produtos agrícolas do concelho.
Num país que continua a definhar pela falta de dimensão resultante de bairrismos serôdios, a junção dos concelhos da Covilhã e do Fundão poderia funcionar como um incentivo para outros, merecendo por isso todo o apoio governamental. Com um ano novo à porta, porque não trilhar também novos caminhos para a região?
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