Uma aldeia à volta da fogueira
Apaixonado pela fotografia e pela Beira Interior, Marcin Górski, docente da UBI, apresenta a sua ideia sobre a tradição do madeiro em Proença-a-Velha. Uma exposição de fotografias que está patente no Museu dos Lanifícios até final de Janeiro.
> Eduardo AlvesA 8 de Dezembro de 2005, Marcin Górski pegou na sua antiga e pesada máquina fotográfica e partiu para mais uma sessão de fotografias às paisagens beirãs. Tentava eternizar, mais uma vez, momentos únicos da região. O destino era a aldeia histórica de Sortelha, mas o caminho acabou por levá-lo a Proença-a-Velha.
Por entre o serpenteado das antigas estradas nacionais deparou-se com a figura de Armindo “Pouca Sorte”. Rosto envelhecido pelos mais de 80 anos de vida, bengala a servir de apoio e sobretudo, como explica o docente de Arquitectura, “senhor de uma tranquilidade invulgar”. A foto feita ao “Pouca Sorte” haveria de ser a primeira de um vasto conjunto que agora está patente na Galeria de Exposições Temporárias do Museu dos Lanifícios, na UBI.
Foi através de Armindo, um dos mais velhos habitantes de Proença-a-Velha, que Marcin Górski ficou a conhecer a tradição do “Madeiro”. A mostra composta por 50 fotos capturadas entre 2005 e 2009, “todas a 8 de Dezembro de cada ano”, tentam dar uma leitura muito própria do ritual que tem lugar em várias aldeias raianas. A população junta-se pela manhã e vai até aos terrenos que circundam a localidade buscar lenha que mais tarde é deixada no adro da igreja e que servirá para a fogueira de Natal.
Em Proença-a-Velha, o povo acaba por fazer desta data também um momento festivo e reunião de gentes que estão fora. Os trabalhos do docente da UBI fazem também parte de um livro que mostra precisamente a tradição do madeiro. Fotografias a preto e branco feitas em máquinas de meio formato que estão expostas até 31 de Janeiro na UBI.
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