PENAMACOR: Terra de tradições natalícias
O maior madeiro do país aquece o coração de todos os filhos da terra e daqueles que por ali passam nesta quadra natalícia para se deliciarem com os sabores e símbolos desta terra raiana.
> Ana GasparOs tempos mudam, mas as tradições permanecem firmes em Penamacor. O madeiro organizado pelos jovens com 20 anos era outrora realizado “pelos rapazes que iam à inspecção militar”, como relembra Domingos Mota de 70 anos. A presença feminina só há poucos anos se iniciou nesta tradição, “sinal que os tempos já são outros”, continua. É no dia 23 de Dezembro à meia-noite que o madeiro se acende e reúne à sua volta todos aqueles que não passam o Natal sem esta tradição tão enraizada na terra.
Penamacor acolhe os seus habitantes e visitantes com o madeiro mas também com um leque de iguarias tão características da Beira Interior como as filhós, o arroz doce e o bolo-rei. Para os que apreciam uma boa mesa, o cabrito e o borrego são os pratos com presença obrigatória na mesa do dia de Natal. Já na noite da consoada reina o tradicional bacalhau com batatas e couves regado com o azeite da própria colheita. É no dia 24 que se preparam todas as comidas que recheiam a mesa natalícia.
É um pouco antes das doze badaladas que os penamacorenses saem de perto das suas lareiras e se dirigem para a igreja matriz para festejar o nascimento do Menino Jesus. Na Missa do Galo ouve-se “Alegre-se o céu e a terra, Cantemos com alegria, Que já nasceu o Menino, Filho da Virgem Maria”. Fazer perceber aos mais pequenos que Jesus é a razão do Natal não é tarefa fácil nos dias de hoje. “Só se fala no Pai Natal” desabafa Teresa Fonseca e “a magia dos brinquedos tomou conta de toda a envolvente religiosa da época festiva”.
A verdade é que há sempre quem se vista de Pai Natal e faça as delícias das crianças que ao ouvirem o “Ohh, Ohh, Ohh”, correm em direcção ao homem de barbas branquinhas e alegram todos com os seus sorrisos inocentes e contagiantes.
A calma que se faz sentir nesta pequena localidade do Interior contrasta nestes dias com um desassossego bem-vindo pelos que cá moram. O comércio tradicional é invadido nesta época por aqueles que preferem a serenidade destas lojas para fazer as últimas compras. “ Temos de aproveitar estes dias para fazer um pé-de-meia” diz Ana de Jesus, comerciante.
É no Natal que Penamacor se enche de luzes, gentes, símbolos como o presépio, sentimentos de partilha e aconchego para os que estão longe ao longo do ano.
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