GOUVEIA: Espírito de Natal serrano
Missa do Galo, espectáculos infantis, concertos de solidariedade, a iluminação, os tradicionais presépios e árvores enfeitadas, o Pai Natal e os duendes são a marca característica desta quadra. Em Gouveia não é diferente e as tradições repetem-se ano após ano.
> Sara FigueiredoO Natal é uma época de simbolismo e tradição, um tempo de esperança e solidariedade, mas o aspecto mais importante em cada região e o que prevalece é a festa da família, a oportunidade para voltar ao lugar de origem e comemorar com os pais, avós e outros familiares uma quadra tão especial. Gouveia, não é excepção e no dia 24 de Dezembro as famílias reúnem-se para conviver, celebrar o nascimento do Menino Jesus e partilhar a consoada.
Nos dias que antecedem o Natal, as ruas de Gouveia enchem-se de um novo brilho. Pessoas com sacos coloridos em conjunto com as luzes e instalação sonora, animam a pequena cidade. Além da iluminação, diferente todos os anos, António Vilela, residente em Gouveia, aprecia “acima de tudo, as festas de solidariedade para com as crianças mais desfavorecidas do concelho. Estas sim, dão vida à cidade”, diz.
Este ano, pela primeira vez, a Rua da Cardía ganhou outro ritmo e movimentação. Nesta rua, o Natal teve direito ao Pai Natal e alguns Duendes que a pedido dos comerciantes locais, cativaram os gouveenses para a compra neste comércio.
Na noite de 24, o prato principal da Ceia de um gouveense é o bacalhau cozido, com hortaliça e cebola, regado com azeite caseiro. Segundo Maria da Silva, habitante da cidade, “o perú e o cabrito assado no forno ficam para quem não gosta de bacalhau”. Também os doces têm um papel de destaque nesta refeição: arroz doce, leite-creme, rabanadas, sonhos, a típica filhós e o famoso bolo-rei fazem parte da ementa e deliciam a boca daqueles que os provam. Depois da Ceia nada se retira da mesa até à manhã seguinte, “pois os anjos servem-se da comida que sobra nesta noite”, refere Maria da Silva.
Por volta da meia-noite ainda são muitas as crianças que se retiram para dormir, deixando junto à árvore de natal ou lareira o sapatinho para que o Pai Natal ou o Menino Jesus lá coloque a prenda. Idalina Simões, residente no concelho, faz questão de cumprir a tradição e refere que “ as crianças lá de casa só abrem os presentes na manhã de 25, dia de Natal”. “Preservar a magia do Natal é muito importante”, diz.
Depois da consoada os mais crentes aguardam a tão esperada Missa do Galo que decorre por volta da meia-noite na Igreja de S.Pedro. Os gouveenses ouvem com agrado as palavras do nascimento do Menino Jesus, mas “o ponto mais alto da Eucaristia é no final, momento em que a povoação beija o Menino”, refere Maria da Silva.
Em vez da Missa, há quem prefira o calor da tradicional fogueira situada junto à Câmara Municipal de Gouveia. Reza a história que a tradição surgiu como forma de honrar e louvar o Menino Jesus e aquecer os mais pobres. António Vilela, participante assíduo da “grande lareira”, diz que “não há nada melhor do que o divertimento do convívio, na noite de 24, com os amigos do ano”. É a petiscar e a beber que o convívio se prolonga até à manhã do dia de Natal.
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