UBI analisa poder de compra na Beira Interior
O Observatório para o Desenvolvimento Económico e Social da UBI apresentou mais uma análise sobre a região. Este novo estudo, baseado em dados do Instituto Nacional de Estatística mostra que o poder de compra nos 24 municípios da região está abaixo da média nacional.
> Eduardo AlvesCastelo Branco é o concelho com maior poder de compra da Beira Interior. Segundo Pires Manso, responsável pelo observatório da UBI este é o concelho com maior poder de compra da região, apresentando um resultado de 96,1por cento da média nacional, aqui fixada em cem pontos percentuais.
A Castelo Branco segue-se o concelho da Guarda com 91,7 por cento, 8,3 abaixo da mesma média, seguindo-se o da Covilhã com 84,2 por cento, 15,8 pontos percentuais abaixo da média nacional. Estas três localidades, apesar de liderarem o ranking da Beira Interior “evidenciam bem o País que temos, a trabalhar a duas velocidades”, começa por dizer Pires Manso. Para o catedrático de Gestão e Economia da UBI, “os números agora conhecidos não apresentam grandes novidades, apenas reforçam a certeza de que as políticas para apoiar o interior ou não existem ou não funcionam”.
O cenário fica ainda mais negro à medida que se analisam os dados dos concelhos com menos pessoas. Meda é aqui o concelho com menos poder de compra da região. Este território alcança os 49,2 por cento, seguido do Sabugal com 51,5 por cento, e ainda de Fornos de Algodres com 51,9 por cento. Valores que se situam “a meio da média nacional”, refere o catedrático. Para dar um exemplo, Pires Manso apresenta o caso de Lisboa, concelho com maior poder de compra que atinge 235,7 por cento, “ou seja, 135,7 pontos percentuais acima da média nacional. Isto significa tão somente que um indivíduo em Lisboa tem um poder de compra que é 135 por cento superior à média nacional, enquanto que em Meda, o poder de compra é 52 por cento inferior a esta média e no nosso distrito estamos todos abaixo dessa média”.
Na óptica do docente universitário, nos concelhos do interior, a população é, na sua maioria, composta por pessoas reformadas cujos recursos são muito escassos. “Os concelhos mais rurais, neste momento, estão convertidos em depósitos de terceira idade, esses indivíduos são os únicos que têm rendimentos e com pensões rurais muito baixas, o que se vai reflectir nos resultados”, afirma.
Perante estes resultados, Pires Manso é peremptório em defender “uma discriminação positiva para o interior. Quem decide pode fomentar medidas que apoiem mais a economia nesta região. Imagine-se uma empresa que queira aqui investir, podia ter apoios fiscais e ajudas, mas também que se fizessem infra-estruturas de comunicação entre as localidades e que existisse uma verdadeira aposta na ligação entre o interior e Espanha”, sublinha.
Multimédia