Começou a Cimeira de Copenhaga, um evento de importância crucial para o planeta. Se em Quioto se discutiram os eventuais impactos das emissões de gases com efeito de estufa, em Copenhaga discutem-se os efeitos reais que já se sentem um pouco por todo o mundo, e isso faz toda a diferença. Já não se fala de cenários futuros, mas da dura realidade que é o degelo das calotes, o aumento da temperatura e do nível do mar, as secas, a desertificação, as inundações ou a extinção de milhares de espécies. Se tudo continuar como está, pensa-se que a meio deste século se registará um aumento da temperatura média de cerca de 2 graus, o que terá efeitos devastadores no planeta.
A preocupação é tal que 193 países marcaram presença na cerimónia de abertura, e 110 chefes de Estado e de Governo, entre os quais Barack Obama, estarão no encerramento dos trabalhos. Os Estados Unidos são, aliás, uma peça fundamental da cimeira, pois nunca ratificaram Quioto e são responsáveis por um quinto das emissões globais, um valor entretanto ultrapassado pela China. Em conjunto, chineses e americanos representam cerca de 40 por cento das emissões. Juntamente com o Brasil, a Rússia e a Índia, estes países são responsáveis por mais de 60 por cento das emissões de carbono, pelo que a sua vontade de reduzir as emissões é fundamental para o sucesso da Cimeira.
No início dos trabalhos pediu-se um acordo “eficaz e operacional”, mas para isso alguém vai ter de compensar financeiramente os países em desenvolvimento pelas perdas resultantes da conversão das unidades industriais actualmente em actividade. Países como a China e a Índia exigem condições para oferecerem aos seus habitantes um nível de desenvolvimento próximo do que se verifica nos países ocidentais, dizendo que o seu contributo para as emissões é reduzido quando comparado com a poluição resultante de 150 anos de Revolução Industrial no Ocidente.
O futuro joga-se neste frágil equilíbrio entre os que tendo atingido um bom nível de desenvolvimento querem agora preservar o planeta, e aqueles que parecem dispostos a continuar neste caminho suicida em troca desse mesmo desenvolvimento.
Como disse o primeiro-ministro dinamarquês Rasmussen, a conferência de Copenhaga será a “depositária das esperanças da Humanidade” durante as próximas semanas. Oxalá esta esperança não seja vã.
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