O futuro papel dos têxteis
Durante dois dias, a Unidade de Investigação de Materiais Têxteis e Papeleiros da Universidade da Beira Interior promoveu um simpósio sobre esta área. Analisar o estado actual da área e traçar as linhas de orientação para o futuro foram alguns tópicos abordados.
> Eduardo AlvesSem roupa o homem não vive e sem papel não comunica, não estuda, não avança. Dois materiais que estão na base um sem número de indústrias e de investigações. Foi precisamente para se fazer um retrato de um segmento em profunda mudança que Manuel José dos Santos Silva, presidente da Unidade de Investigação de Materiais Têxteis e Papeleiros da UBI levou a cabo estas jornadas.
Durante dois dias, o anfiteatro 8.1 do Edifício das Engenharia, acolheu diversos investigadores que apresentaram resultados sobre o estado do ensino na área dos têxteis e também do papel. Para o presidente desta unidade de investigação, este é, aliás, um dos pontos mais em voga nesta altura. Santos Silva lembra que, tal como a UBI, “muitas outras instituições estão agora a tentar procurar outras áreas de investigação”. Pese embora o facto de este ser um sector com “empregabilidade elevada, os alunos acabam por escolher outras áreas”.
Numas jornadas onde o tema central foi o de “Indústria Têxtil e Papeleira: Ensino e Investigação, que futuro?”, um dos pontos mais abordados foi precisamente o da ligação entre as universidades e a indústria. Para Santos Silva, “existe uma evolução notório no que diz respeito às soluções encontradas para debelar alguns dos problemas da indústria, mas a ligação entre a universidade e o mercado continua muito fraca”. O antigo reitor lembra o esforço que a UBI tem feito nesta área, mas ainda assim, a nível geral, “muitos dos interessados não têm dado as respostas necessárias”.
Quanto ao futuro da investigação, o encontro serviu para verificar, “uma vez mais, as necessidades de resposta que a indústria tem, mas também o vasto campo que ainda existe por explorar, no que respeita à investigação”. Dois campos que têm de ser preenchidos “com todos os envolvidos a trabalhar no mesmo sentido”. Neste sentido, os vários membros ligados ao mercado de trabalho lembraram que “as universidades hoje também não se podem ficar por dizer que investigação um determinado assunto, têm de apresentar as melhores soluções para o mesmo”. Nesse aspecto, Carlos Brás, director de produção da Portucel lembra que Portugal e a UBI, neste domínio, têm bons conhecimentos para singrar. Como tal apresenta o exemplo do papel “Navigator” “que tanto se vende Portugal, como na China, ou nos Estados Unidos da América”. Um aspecto reforçado pelo membro desta indústria foi precisamente o da ligação entre a academia e as empresas. “Nós, em Portugal, somos capazes de fazer grandes coisas, mas tem de ser com muito esforço, porque somos excessivamente desorganizados”, reiterou.
Para resolver todas estas questões, Ana Paula Duarte, vice-reitora da UBI e presidente do Instituto Coordenador da Investigação (ICI), deixou a garantia de um trabalho árduo e bastante estreito com as empresas. Nesse sentido, “dentro em breve vamos avançar com as mostras de ciências aqui na UBI”. Dar visibilidade às capacidades da academia e às potencialidades da sua investigação são pontos que vão nortear estas mostras que estão já a começar a ser calendarizadas.
Para além disso, com a entrada em funcionamento do ICI, “a ligação entre o mercado e a academia será feita de uma forma muito mais fácil e permanente”, garantiu também a responsável académica.
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