Gouveia, capital da competição automóvel
Os campeões do Mundo Rui Madeira, Carlos Sousa e Armindo Araújo foram os protagonistas da 5ª Conferência de Gouveia organizada pelo Clube Escape Livre
> Sara FigueiredoAntes de iniciar uma carreira profissional são necessários alguns anos para que um jovem se torne piloto. A aprendizagem, o colocar em prática o que se aprendeu, o continuar a investir num sonho, a humildade e o espírito de sacrifício são muitas vezes o caminho para o sucesso. Estas foram algumas das ideias fundamentais deixadas pelos três pilotos que estiveram na tarde de Sábado, 5 de Dezembro, em Gouveia. A capital da aventura, Gouveia, transformou-se na capital da competição automóvel ao receber três dos melhores pilotos portugueses, no âmbito das comemorações do segundo aniversário do Museu da Miniatura Automóvel. A 5ª Conferência, realizada às 15horas no Cine-Teatro de Gouveia, teve com o tema “Portugueses Campeões do Mundo. Como chegar lá?”. Estiveram neste evento os pilotos Rui Madeira, Carlos Sousa e Armindo Araújo que revelaram histórias caricatas, apoios e dificuldades por que passaram ao longo da sua carreira.
Fernando Brito, director do Museu da Miniatura Automóvel, explica que “o Museu desde o início e em conjunto com Luís Celínio, presidente do Clube Escape Livre, organiza as Conferências de Gouveia que retratam bocadinhos do mundo automóvel. Trazer Campeões do Mundo à cidade de Gouveia é sempre um prazer e uma mais-valia para quem quer reforçar temas como o automobilismo em Portugal”, diz.
Rui Madeira, vencedor em 1995 da Taça do Mundo FIA de Ralis Grupo N, confessa que “ a entrada no mundo das corridas foi difícil”. Explica que “a família não era a favor do Rali, só mais tarde com umas ajudas aqui e outras acolá é que o sonho se foi concretizando e tornando realidade”.
Para Carlos Sousa, vencedor da Taça do Mundo FIA de Todo Terreno, “correr era um sonho de criança, os carros sempre foram o brinquedo favorito”, diz. “Lembro-me de assistir aos primeiros Ralis de motorizada, sempre tive uma paixão enorme pelos automóveis”. Afirma que “aos 18 anos, o primeiro carro foi um Todo Terreno quatro por quatro, a partir daí as felizes coincidências juntamente com a paixão automóvel” o fizeram “sonhar e viver grandes momentos”.
Armindo Araújo, Campeão do Mundo de Ralis de Produção em 2009, conta que a sua vida de piloto começou por brincadeira. “Um dia, depois de ir ver um Rali perto de casa, decidi alugar um carro e participar numa prova. Correu bem e a partir daí comecei a fazer um e outro campeonato e depois a entrar em equipas oficiais. Desde então isto tem sido a minha vida”. Segundo Armindo Araújo, a prova mais marcante foi a do Rali de Portugal. “Vencer a prova perante o nosso público e os nossos patrocinadores foi bastante comovente e compensador”, afirma.
De todas a s dificuldades encontradas na vida de um piloto, a maior de todas é o patrocínio. Os campeões lusos explicam que para conseguir um bom patrocínio é preciso vencer provas e ter uma capacidade “tremenda”para se relacionar com tudo o que envolve o mundo dos campeões. “Conseguir patrocínio é fácil, difícil é mantê-lo”, diz Rui Madeira. Acrescenta que “depois de o piloto atingir o pódio todas as portas parecem não estar abertas para renovar novos títulos”. À afirmação feita, Carlos Sousa acrescenta que “depois do título máximo, os patrocinadores deixam de apostar no piloto porque pensam que este já ganhou tudo o que havia para ganhar, alcançou o seu limite”.
O mais recente campeão do Mundo, Armindo Araújo, receia a intemporalidade destas dificuldades, referindo que depois da vitória e no momento os “projectos para 2010 são menores ou quase inexistentes”. No entanto, apresenta uma posição optimista ao acreditar “nos bons apoios nacionais e acima de tudo nas equipas internacionais”. A instabilidade relacionada com os seus projectos serão o motor para que “continue a trabalhar e a acreditar que tudo será possível”.
Carlos Sousa crê que as marcas são as principais responsáveis pelo estado actual do desporto automóvel, “uma vez que em termos oficiais e internacionais têm pouco interesse em que o piloto português esteja nas grandes equipas”. “As marcas ou os patrocinadores nacionais devem lutar pelos seus pilotos e afirmações de mercado”, adverte o piloto português.
Depois da apresentação das dificuldades enfrentadas pelos pilotos de corrida portugueses foram apontados alguns aspectos positivos. Carlos Sousa, refere-se aos “tempos fantásticos que viveu” e lembra que “os nossos pilotos são de grande nível e sempre que vão fazer provas internacionais ocupam os melhores lugares, mesmo que tenham projectos chochos ou recebam curtas verbas”
“Levar o carro ao fim, andar na frente, dar o máximo de retorno aos patrocinadores e ser um constante Relações Públicas entre patrocinadores, convidados e imprensa” é um papel de responsabilidade que cabe ao bom piloto, diz Rui Madeira. Carlos Sousa que partilha a opinião, sublinha a velocidade e a concentração enquanto elementos que devem estar presentes nas provas de corridas. “Os momentos muito rápidos têm uma dose de concentração muito mais elevada”, diz.
A 5ª Conferência encerrou por volta das 19h30 com perguntas de um vasto público que se revelou curioso.
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