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      Edição: 516 de 2009-12-08   Estatuto EditorialEquipaO Urbi ErrouContactoArquivo •  
Campeões do Mundo na 5ª Conferência de Gouveia

Gouveia, capital da competição automóvel

Os campeões do Mundo Rui Madeira, Carlos Sousa e Armindo Araújo foram os protagonistas da 5ª Conferência de Gouveia organizada pelo Clube Escape Livre

> Sara Figueiredo

Antes de iniciar uma carreira profissional são necessários alguns anos para que um jovem se torne piloto. A aprendizagem, o colocar em prática o que se aprendeu, o continuar a investir num sonho, a humildade e o espírito de sacrifício são muitas vezes o caminho para o sucesso. Estas foram algumas das ideias fundamentais deixadas pelos três pilotos que estiveram na tarde de Sábado, 5 de Dezembro, em Gouveia. A capital da aventura, Gouveia, transformou-se  na capital da competição automóvel ao receber três dos melhores pilotos portugueses, no âmbito das comemorações do segundo aniversário do Museu da Miniatura Automóvel. A 5ª Conferência, realizada às 15horas no Cine-Teatro de Gouveia, teve com o tema “Portugueses Campeões do Mundo. Como chegar lá?”. Estiveram neste evento os pilotos Rui Madeira, Carlos Sousa e Armindo Araújo que revelaram histórias caricatas, apoios e dificuldades por que passaram ao longo da sua carreira.

Fernando Brito, director do Museu da Miniatura Automóvel, explica que “o Museu desde o início e em conjunto com Luís Celínio, presidente do Clube Escape Livre, organiza as Conferências de Gouveia que retratam bocadinhos do mundo automóvel. Trazer Campeões do Mundo à cidade de Gouveia é sempre um prazer e uma mais-valia para quem quer reforçar temas como o automobilismo em Portugal”, diz.

Rui Madeira, vencedor em 1995 da Taça do Mundo FIA de Ralis Grupo N, confessa que “ a entrada no mundo das corridas foi difícil”. Explica que “a família não era a favor do Rali, só mais tarde com umas ajudas aqui e outras acolá é que o sonho se foi concretizando e tornando realidade”.

Para Carlos Sousa, vencedor da Taça do Mundo FIA de Todo Terreno, “correr era um sonho de criança, os carros sempre foram o brinquedo favorito”, diz. “Lembro-me de assistir aos primeiros Ralis de motorizada, sempre tive uma paixão enorme pelos automóveis”. Afirma que “aos 18 anos, o primeiro carro foi um Todo Terreno quatro por quatro, a partir daí as felizes coincidências juntamente com a paixão automóvel” o fizeram “sonhar e viver grandes momentos”.

Armindo Araújo, Campeão do Mundo de Ralis de Produção em 2009, conta que a sua vida de piloto começou por brincadeira. “Um dia, depois de ir ver um Rali perto de casa, decidi alugar um carro e participar numa prova. Correu bem e a partir daí comecei a fazer um e outro campeonato e depois a entrar em equipas oficiais. Desde então isto tem sido a minha vida”. Segundo Armindo Araújo, a prova mais marcante foi a do Rali de Portugal. “Vencer a prova perante o nosso público e os nossos patrocinadores foi bastante comovente e compensador”, afirma.

De todas a s dificuldades encontradas na vida de um piloto, a maior de todas é o patrocínio. Os campeões lusos explicam que para conseguir um bom patrocínio é preciso vencer provas e ter uma capacidade “tremenda”para se relacionar com tudo o que envolve o mundo dos campeões. “Conseguir patrocínio é fácil, difícil é mantê-lo”, diz Rui Madeira. Acrescenta que “depois de o piloto atingir o pódio todas as portas parecem não estar abertas para renovar novos títulos”. À afirmação feita, Carlos Sousa acrescenta que “depois do título máximo, os patrocinadores deixam de apostar no piloto porque pensam que este já ganhou tudo o que havia para ganhar, alcançou o seu limite”.

O mais recente campeão do Mundo, Armindo Araújo, receia a intemporalidade destas dificuldades, referindo que depois da vitória e no momento os “projectos para 2010 são menores ou quase inexistentes”. No entanto, apresenta uma posição optimista ao acreditar “nos bons apoios nacionais e acima de tudo nas equipas internacionais”. A instabilidade relacionada com os seus projectos serão o motor para que “continue a trabalhar e a acreditar que tudo será possível”.

Carlos Sousa crê que as marcas são as principais responsáveis pelo estado actual do desporto automóvel, “uma vez que em termos oficiais e internacionais têm pouco interesse em que o piloto português esteja nas grandes equipas”. “As marcas ou os patrocinadores nacionais devem lutar pelos seus pilotos e afirmações de mercado”, adverte o piloto português.

Depois da apresentação das dificuldades enfrentadas pelos pilotos de corrida portugueses foram apontados alguns aspectos positivos. Carlos Sousa, refere-se aos “tempos fantásticos que viveu” e lembra que “os nossos pilotos são de grande nível e sempre que vão fazer provas internacionais ocupam os melhores lugares, mesmo que tenham projectos chochos ou recebam curtas verbas”

“Levar o carro ao fim, andar na frente, dar o máximo de retorno aos patrocinadores e ser um constante Relações Públicas entre patrocinadores, convidados e imprensa” é um papel de responsabilidade que cabe ao bom piloto, diz Rui Madeira. Carlos Sousa que partilha a opinião, sublinha a velocidade e a concentração enquanto elementos que devem estar presentes nas provas de corridas. “Os momentos muito rápidos têm uma dose de concentração muito mais elevada”, diz.

A 5ª Conferência encerrou por volta das 19h30 com perguntas de um vasto público que se revelou curioso.


Campeões do Mundo na 5ª Conferência de Gouveia
Campeões do Mundo na 5ª Conferência de Gouveia


Data de publicação: 2009-12-08 00:00:01
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