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Manuel Monteiro falou sempre de maneira descontraída durante a conferência

Sistema político português em debate na UBI

O antigo líder do CDS-PP e PND partilhou com a audiência muita da experiência que foi adquirindo enquanto político.

> Rui Ferreira

Manuel Monteiro foi o orador convidado da conferência que teve por tema “Quem tem o efectivo poder no quadro do novo sistema político?”, realizada na Universidade da Beira Interior, no passado dia 3 de Dezembro.
O professor da Universidade Lusíada do Porto (ULP) falou sobre a falsa ideia que existe nas pessoas sobre quem tem o poder na política portuguesa. E deu o exemplo das eleições Legislativas: “as pessoas pensam que vão votar para eleger o Governo ou o primeiro-ministro (PM), quando na verdade vão votar para a Assembleia da República (AR)”, sublinhou Manuel Monteiro. Após a votação, é o Presidente da República (PR) que determina se existem condições para a formação de um Governo, ou para a sua continuação, caso já esteja no poder. A AR tem mais importância do que aquilo que cada um pensa e sente, considera Manuel Monteiro.
E é por falta de conhecimento dos órgãos de soberania e seu papel que “na forma temos um semipresidencialismo mas na prática temos um presidencialismo, em que o PM se torna um símbolo”, declara Manuel Monteiro. Exemplo disto é a colocação dos vários intervenientes no hemiciclo de S. Bento: “o PM encontra-se num nível superior e fala de cima para baixo para os restantes líderes partidários, fazendo com que a Assembleia da República faça figura morta em muitas circunstâncias”.
Manuel Monteiro fez questão de salientar, de forma irónica, que o Governo é representante "da maioria que vota". A abstenção nas eleições é um grande problema não só a nível nacional como a nível internacional, declara. “O Parlamento Europeu é um órgão cada vez mais importante, pois de lá vêm muitas das nossas directivas e são poucos os que votam para a sua composição”. Ainda relativamente ao voto, o orador convidado considera que numa boa parte dos casos se vota negativamente, sendo que se vota em X por ser contra Y, parecendo que por vezes o que está em causa não é a eleição mas sim a rejeição.
O ex-líder do CDS-PP e do PND pôs também a nu um pouco dos bastidores políticos, declarando que “o interesse dos votos muitas das vezes fala mais alto que as próprias medidas” ou que “muitas das coisas que se ouvem são previamente combinadas”. Contudo Manuel Monteiro diz que não se deve desconfiar da política mas sim tentar entendê-la.
A conferência, que foi simultaneamente aula aberta, teve como moderadora a professora do curso de Ciência Política e Relações Internacionais, Teresa Cierco, curso responsável pela organização do evento, que teve a presença de cerca 120 pessoas.


Manuel Monteiro falou sempre de maneira descontraída durante a conferência
Manuel Monteiro falou sempre de maneira descontraída durante a conferência


Data de publicação: 2009-12-08 00:00:01
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