Indústria e Universidades de mãos dadas
Seminário das indústrias têxtil e papeleira discute aumento da competitividade nacional. Inovação nestes sectores é fundamental para sua a sobrevivência. Aposta nas energias renováveis é uma preocupação de investigadores e empresários.
> Paulo RochaNos dias 3 e 4 de Dezembro, a UBI recebeu um seminário intitulado “Indústria têxtil e papeleira: ensino e investigação - que futuro?”. O principal objectivo deste evento foi divulgar e perspectivar novas actividades nestas duas áreas de actividade. O seminário procurava ajudar no desenvolvimento de pesquisas realizadas pelo Departamento de Engenharia Têxtil que poderão ser úteis às empresas e alvo de investimento por parte dos empresários do sector.
O evento pretendia desenvolver um debate baseado em questões ambientais ou relacionados com a saúde. A incorporação de materiais que permitam tornar os têxteis inteligentes também foi alvo de debate entre especialistas portugueses e estrangeiros. Santos Silva, director do centro de investigação, reforçou a ideia de que “a diversidade de projectos desenvolvidos une-se através das ciências fundamentais, como a Matemática, a Física ou a Química”. O antigo reitor da UBI salientou ainda que a inovação no sector têxtil é fundamental para a economia Portuguesa e, como tal, deveria “olhar-se um pouco mais para este sector” com vista a aumentar o nível de competitividade.
No segundo dia, sexta-feira, debateu-se o futuro da indústria papeleira. Pascoal Neto, professor e director do Departamento de Química da Universidade de Aveiro – ICECO, centrou a sua dissertação na área das fibras celulósicas e dos materiais derivados de recursos renováveis. O facto dos materiais da indústria papeleira nascerem com base no petróleo – um recurso que “cria um ambiente de alta instabilidade” e prejudicial para o futuro planeta – fez com que o professor da UA “centrasse as suas atenções em fontes alternativas para a produção de materiais”. O intuito é criar novas formas de revestimento do papel, novos materiais para embalagens ou para a indústria automóvel. Pascoal Neto revelou que o “embalamento de fruta ou vegetais em embalagens que retardem o seu amadurecimento poderá ser alvo de investimento por parte de algumas indústrias”.
O ouro é outro dos materiais que tem vindo a ser fonte de estudos com o objectivo de dificultar a falsificação de documentos escritos. Pascoal Neto disse ainda que está a ser ponderada a possibilidade de se criar papel repelente de água.
Carlos Brás, director fabril da Portucel de Setúbal, foi o convidado seguinte. Este engenheiro tentou dar uma perspectiva daquilo que é a indústria papeleira em Portugal, afirmando que esta tem uma projecção internacional aceitável, mas também é preciso pensar em todos os factores anteriores à produção de papel – como “a área florestal, a produção de energia, plástico ou papel”. No seguimento desta ideia, o director fabril da Portucel disse que “o facto das estruturas fundiárias nacionais estarem distribuídas em pequenas parcelas penaliza a indústria do papel”. Carlos Brás referiu ainda que “Portugal é o quinto maior produtor de pastas químicas, como o papel” e salientou que a biomassa – um recurso renovável – “representa 80 por cento da produção na indústria papeleira”. O aumento da eficiência, a diminuição do impacto ambiental e dos custos operacionais são agentes vitais para se poder baixar o custo da produção e, consequentemente, aumentar a produtividade. Carlos Brás lembrou que “as parcerias entre empresas e universidades têm de ser reforçadas”.
De acordo com a organização, o seminário correu de forma muito positiva e brevemente serão revelados novos eventos.
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