Semana de Sensibilização, Investigação e Visibilidade sobre a Violência Doméstica
De Janeiro a Outubro deste ano, a GNR contabilizou 281 casos de crimes registados em Castelo Branco, sendo 93 nas zonas do destacamento da Covilhã.
> Sara FigueiredoA violência doméstica é um problema universal que atinge milhares de pessoas de ambos os sexos e de todas as idades, não obedecendo a nenhum nível social, económico, religioso ou cultural específico. Com o dia 25 a assinalar o Dia Internacional contra a Violência Doméstica, decorreu no Serra Shopping, entre 22 e 27 de Novembro, uma Acção de Sensibilização, Investigação e Visibilidade acerca da Violência Conjugal.
O evento, organizado por Catarina Pombo, estagiária no Núcleo de Apoio Psicológico e Comunitário da Covilhã (NAPsicC) teve como objectivo realizar uma investigação capaz de verificar a prevalência da violência conjugal na Covilhã e as crenças e atitudes das mulheres covilhanenses acerca da temática. Para Catarina Pombo, a violência doméstica compreende comportamentos utilizados num relacionamento, por uma das partes, sobretudo para controlar a outra. As pessoas envolvidas “podem ser casadas, ou não, ser heterossexuais ou homossexuais, viver juntas, separadas ou namorar”. Na sua definição do termo inclui alguns exemplos de comportamentos de violência, como “agressão física, psicológica e sexual, maus-tratos verbais, difamação, insultos, humilhação, ameaças, perseguições, intimidação e controlo financeiro”. Acrescentou que “a violência pode surgir sob diversas formas e pode acontecer uma ou mais vezes”.
Segundo o Cabo Carvalho da GNR, “os casos de denúncia têm aumentado”. Desde Janeiro de 2009 até 31 de Outubro, a GNR registou “281 casos de crimes registados em Castelo Branco e 93 nas zonas de destacamento da Covilhã”. O Cabo Carvalho afirma que “a Covilhã, Tortosendo e actualmente o Teixoso” são as áreas mais críticas de violência doméstica, facto que associa aos bairros sociais. Adverte que “o sexo masculino está a perder a vergonha de denunciar, uma vez que há mais registos de homens que sofrem violência doméstica”.
Catarina Pombo do NAPsicC faz o alerta para estudos recentes realizados em Portugal que mostram a violência nas relações afectivas cada vez mais precoce: “25 por cento de jovens em Portugal, entre os 15 e os 25 anos, já foram vitimas de violência na relação de namoro”, diz. “A violência doméstica é um crime público e é preciso denunciá-lo, mesmo que o agressor mostre arrependimento” diz Catarina Pombo. Justifica a afirmação dizendo que “os actos violentos são um ciclo repetitivo e agravado com o passar do tempo”.
O consumo excessivo de álcool e droga são argumentos que o agressor utiliza para desculpabilizar e desresponsabilizar os seus actos. Catarina Pombo defende que “o problema do álcool e da droga, não justificam por si só a violência, o agressor tem já no seu intimo uma personalidade mais agressiva”. De acordo com dados policiais, muitas vitimas toleram a violência sem denunciar. Os motivos habituais são “a vergonha, questões de mentalidade, razões culturais enraizadas, medo da perca dos filhos, falta de abrigo, sustentabilidade e apoio familiar”.
O Cabo Carvalho, considera que é “mais eficaz dar tratamento ao agressor do que à vitima que em muitos casos volta para casa depois da denúncia feita”. No entanto aponta medidas a tomar pelas vítimas: “Ir ao Hospital ou Centro de Saúde, mesmo não apresentando sinais externos de agressão, e realizar um exame médico-legal, explicar quem fez as agressões e pedir uma cópia do relatório médico. Apresentar uma queixa-crime contra o agressor no posto da GNR, na esquadra da PSP ou Ministério Publico, dirigir-se depois ao Instituto de Medicina Legal e pedir apoio judiciário à Segurança Social”.
O evento organizado contou com a colaboração e apoio do Serra Shopping que cedeu o espaço, o NAPsicC, a PSP da Covilhã, a GNR de Castelo Branco e a Associação Portuguesa de Apoio à Vitima (APAV) de Vila Real.
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