Voltar à Página da edicao n. 514 de 2009-11-24
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      Edição: 514 de 2009-11-24   Estatuto EditorialEquipaO Urbi ErrouContactoArquivo •  
Foto cedida por Teatro das Beiras

“Shadow Play” no Teatro das Beiras

Um “Jogo de sombra” foi ao que se assistiu no Teatro das Beiras no dia 19 de Novembro. Com número limitado de espectadores, apenas 40 pessoas puderam assistir à peça de teatro “Shadow Play”, um espectáculo que mostra o lado sensível, o lado da solidão, do sofrimento dos mais idosos. Uma peça que dá a conhecer o lado cómico do drama e a forma como se pode brincar com essa realidade.

> Andreia Guerra

A peça de teatro “Shadow Play” tem cerca de um ano e o intuito desta peça é confrontar as pessoas para a realidade. “Quisemos através destes personagens,  um bocado monstruosos, exagerados e que vivem as coisas de forma muito egoísta, fazer alguma coisa sobre o silêncio, as pessoas, a velhice e a morte”, explica Francisco Campos, encenador e actor. “Há um querer partilhar este processos da condição humana. Trabalhamos com a ideia de que somos um espelho distorcido da realidade e do espectador que vai assistir à peça”, afirma ainda o encenador.

Os actores tinham como objectivo fazer uma peça sobre o silêncio e começaram por improvisar os personagens. “Distribuímos os personagens, fizemos um pré-esboço e fomos brincar ao silêncio. Ficamos 40 minutos sem dizer uma palavra. A ideia era só estar e ver”, conta o encenador. Partiram do princípio que vivendo fechados desta forma, não teriam muita coisa para falar, mas o resultado final não foi esse. “Era difícil não falar, o teatro precisa de um público confortável, e o silêncio é algo desconfortável”, acrescenta Francisco. Os actores basearam-se em memórias e actos privados do imaginário de cada um. “Todos nós já vimos e sabemos como é a velhice”. Os personagens interpretados são retratos e referências que os actores têm dos mais idosos.

A história gira em trono de uma família de classe média-alta decadente,  com quem se brinca ao longo de todo o espectáculo. “Shadow Play” era só para ser a história de uma família, mas com o tempo surgiu a ideia de fazerem uma espécie de um jogo que está por baixo dos actores. E isso é notável, pois as narrações são como um jogo para envolver toda a peça. São quatro actos e antes de cada acto há uma narração, uma contextualização. “A peça foca muito a ideia do tempo, jogar com a percepção do tempo”, explica o actor.

Um ponto particular e curioso desta peça, que aproxima o actor do espectador, é o facto de o público assistir à peça em volta do próprio palco, em torno dos actores e do cenário onde a peça decorre. “O facto aconteceu naturalmente”, conta Francisco, “Quando estreámos a peça o cenário não se estava a adequar, e então, fomos para uma sala que era muito pequena. No momento resolvemos pôr o público à volta do cenário. Adorámos e nunca mais largámos esta ideia”, conclui.

Ao longo da peça, notou-se uma boa adesão do público. Em partes mais engraçadas, as gargalhadas dos espectadores soltavam-se. Mas, Francisco Campos diz não ser assim em todos os sítios em que apresentam a peça. “Em certos pontos do país as pessoas são mais frias. Sentimos que para elas não é tão cómico. Há pessoas que se deixam tocar e hoje sentimos isso”, afirma em jeito de conclusão.

 “Contratempos” é a nova peça que a Companhia de Teatro estreou no mês passado. Um espectáculo que vai começar a rodar pelo país. A peça está em cartaz entre 2 e 13 de Dezembro, de quarta-feira a domingo, no Teatro da Comuna, em Lisboa. O próximo ano vai trazer um novo espectáculo, “O Molusco”, com estreia marcada para Fevereiro.

Fernando Sena, director do Teatro das Beiras, afirma que o objectivo do Festival Teatro da Covilhã está a ser cumprido, e isso porque “as pessoas podem ter acesso a espectáculos que são apresentados ao longo do ano no país e que aqui estão todos reunidos. O público da Covilhã está a aderir muito a todos os espectáculos”. Não tendo, ainda, números concretos, a organização contabiliza uma média de 70 a 80 pessoas por dia, incluindo espectáculos para os mais pequenos. O director do Teatro mostra-se satisfeito com a forma que todos os espectáculos têm decorrido, e sustenta o facto de os jovens estarem a aderir aos espectáculos. “Às quintas-feiras têm aparecido muitos jovens, alguns dos quais, não tenho dúvida nenhuma, que é a primeira vez que vêm ao Teatro das Beiras ver espectáculos. Isso é também um dos objectivos do Festival, criar novos públicos”, acrescenta Fernando Sena.


Foto cedida por Teatro das Beiras
Foto cedida por Teatro das Beiras


Data de publicação: 2009-11-24 00:00:01
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