Um filme do tamanho da Europa

A Universidade da Beira Interior esteve, pela primeira vez, no European Film Schools Meeting. Uma reunião entre várias escolas de cinema de toda a Europa que serviu, acima de tudo, para trocar ideias e falar sobre projectos em curso.

Foram três dias de diálogo onde o Cinema esteve no centro das conversas. A UBI participou, este ano, no encontro europeu de escolas de cinema que teve lugar no Estoril.
Docentes, alunos e trabalhos realizados pelo cinema da UBI estiveram presentes nesta mostra que contou com a participação de alguns dos mais conhecidos realizadores, produtores e cineastas da actualidade. O encontro europeu, onde participaram, entre outras, a UBI, a Escola Internacional de Cinema de Itália, aEscola de Cinema de Barcelona, aLondon Film School, a Universidade Lusófona e também a Polish National Film, da Polónia serviu essencialmente “para fazer uma análise do ensino nesta área, saber como é que as escolas estavam organizadas, como é que os alunos trabalhavam, quais eram as hipóteses e os maiores problemas de integração dos licenciados no mercado de trabalho. Um conjunto de questões pertinentes e actuais sobre esta área e sobre o ensino de Cinema”, explica Frederico Lopes, um dos professores da UBI que também marcou presença no evento e na mesa redonda onde foi apresentado e analisado o trabalho da academia covilhanense.
No painel de apresentação da UBI estiveram presentes quatro docentes e dois alunos que falaram sobre o curso que é ministrado na Covilhã e também sobre “a grande diversidade nas abordagens feitas pelos trabalhos que nascem nesta escola”. Prova disso mesmo, diz Frederico Lopes, “são os três filmes exibidos no Estoril, uma animação, um filme experimental e um filme de ficção”. No cômputo final, o destaque feito à UBI e aos seus trabalhos foi no sentido de sublinhar a actualidade destes. No meio dos filmes apresentados “tivemos dos participantes neste evento um feedback muito positivo, no que respeita à actualidade e sobretudo, à qualidade dos nossos filmes”, aponta ainda o docente. Frederico Lopes lembra que “essas são algumas das características que pretendemos imprimir ao curso, uma formação onde se tenha uma diversidade de propostas apresentadas”.
Uma experiência “riquíssima”, do ponto de vista da partilha de ideias de trabalho, de formas de actuação e criação de Cinema. Razões mais válidas no caso da academia covilhanense, que tem em funcionamento, há seis anos, o seu curso. E nessa perspectiva, Frederico Lopes revela já que “o grande desafio para a UBI é o de conseguir afirmar-se como uma escola autónoma”. Isto porque, segundo este responsável pelo curso, muitos podem entender o trabalho feito na Covilhã como algo onde falte uma linha orientadora. Mas essa perspectiva é explicada pela existência e uma tradição, da chamada “Escola Portuguesa”, que começou nos anos 60 para reagir a um determinado tipo de cinema. “A escola deste género teve o seu amadurecimento e teve os seus herdeiros naturais que estão na Escola Superior de Teatro e Cinema, dirigida por alguns dos fundadores desse movimento”, explica Lopes. Na UBI “sabemos o que andamos a fazer e queremos marcar o nosso lugar como escola sem sermos obrigatoriamente seguidores da chamada “Escola Portuguesa”.
Por isso mesmo, os responsáveis pela formação optaram por diversificar as propostas de trabalhos. Não seguindo uma estrutura muito rígida, com objectivos definidos apenas para uma área, “acabámos por alargar o espaço de criação e de acção dos estudantes”. Os primeiros resultados começam a aparecer com os prémios conseguidos por muitos dos alunos da instituição beirão e também “com o reconhecimento e com a boa imagem que a UBI vem conseguindo também pelas suas competências técnicas e humanas”, esclarece Frederico Lopes.