Investigar a presença de Radão na Guarda
Uma tese de doutoramento, na área da Física, desenvolvida na Universidade da Beira Interior, pretende elaborar um mapa de risco no que respeita à presença de radão na cidade da Guarda. Um estudo que irá apontar algumas formas de prevenção e respostas para casos actuais.
> Eduardo AlvesO radão é um gás libertado pelo urânio e dificilmente detectável. Por isso mesmo, este composto apresenta-se como um dos principais perigos para a saúde pública. Segundo alguns estudos científicos, a cidade da Guarda e a região envolvente apresentam locais de grande concentração deste gás. Isto porque, o urânio está bem presente em certas rochas graníticas e a região da Guarda contava também com algumas explorações mineiras deste material.
Todos estes estudos científicos não apresentam, todavia, um mapa de localização das zonas mais problemáticas, nem algumas indicações para minimizar o problema. É precisamente para colmatar estas lacunas que surge agora uma tese de doutoramento, na Universidade da Beira Interior.
Este estudo científico com forte ligação social está a ser desenvolvido por uma professor de uma escola secundária da cidade mais alta do País, e está a ser orientado por Sandra Soares, docente do Departamento de Física da UBI. O “SOS Radão”. Um estudo denominado “SOS Radão” e que está integrado num projecto de maior vulto que se chama “Risco para a Saúde Humana da Exposição Ambiental ao Radão”. Esta iniciativa de âmbito nacional é coordenada pelo professor Luis Peralta, da Faculdade de Ciências de Lisboa, a que se juntam as colaborações da UBI, do Laboratório de Radioactividade Natural, do Laboratório Ricardo Jorge, entre outras instituições.
O trabalho que surge agora, através de uma tese de doutoramento vai envolver também os alunos da escola onde a autora do trabalho científico é docente. Os estudantes vão ficar associados ao trabalho através da disciplina de Área de Projecto, no 12º ano de escolaridade, “para corroborar esta vertente pedagógica”, explica a orientadora da tese.
Esses grupos da área pedagógica podem depois escolher as diferentes vertentes em que querem trabalhar, “se na área social, se na área económica, ou outras”. Na vertente pedagógica, onde o trabalho dos alunos vai estar em grande relevância, “está programada a realização de um ciclo de palestras cuja temática central é o Radão. Estamos a apontar para Maio do próximo ano, como data provável da realização destes encontros onde está também agendada uma visita de estudo às minas daquela região”, adianta Sandra Soares.
A vertente científica deste trabalho, e a de maior relevância, irá passar pela identificação dos descendentes do Radão e qual a sua intervenção no sistema respiratório e na vertente médica, o objectivo é estudar a relação entre a presença deste elemento e a existência de doenças do foro oncológico. Nesta área vão trabalhar no projecto, os responsáveis do hospital Sousa Martins, nas especialidades de otorrinolaringologia, pneumologia e oncologia.
Sandra Soares acrescenta também que a preocupação deste estudo passa também por “tentar comprovar a relação causa-efeito entre a inalação do gás, presente nas habitações, e o aparecimento de neoplasias do foro respiratório e/ou pulmonar”. Para além de ir ao encontro de um conjunto de formas que possam mitigar o problema.
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