Novos rumos da linguística
O I Congresso Internacional Portugal/Brasil veio trazer um conjunto significativo de novidades no campo da linguística. Durante três dias portugueses e brasileiros analisaram os traços das suas falas e apontaram algumas linhas para o futuro.
> Eduardo AlvesForam mais de 70 comunicações, apresentadas ao longo de três dias, que teorizaram sobre as diferenças ou semelhanças no Português falado em Portugal e no Brasil. O primeiro Congresso Internacional Portugal/Brasil, promovido pelo Departamento de Letras da academia covilhanense serviu, acima de tudo, “para apontar algumas de trabalho, no futuro”, afirma Paulo Osório, docente universitário e principal organizador do evento. Segundo o docente do Departamento de Letras, esta iniciativa acabou por ser também marcada “pelas muitas participações, com uma grande diversidade de investigadores que basearam os seus trabalhos na Língua Portuguesa”.
Para Paulo Osório, destas primeiras jornadas há a retirar duas grandes conclusões. Em termos de conclusões, no que respeita à literatura, “todos os conferencistas aceitam a relação entre a literatura portuguesa e brasileira, até porque a segunda foi influenciada pela primeira. Embora houvessem aqui pessoas que tivessem trazido algumas investigações sobre uma diferente relação”. Já no que diz respeito à área das linguísticas, “o que aqui está defendido é que o português do Brasil caminha para uma outra língua que já não é o Português tradicional”. O docente da instituição covilhanense acredita mesmo que dentro de algum tempo possa estar criado uma nova língua. Uma ideia que é sustentada “pela distinção muito significativa entre os traços linguísticos das duas modalidades”. Neste momento, correntes teóricos linguísticas, nomeadamente o generativismo, “afirmam que o contraste entre o português de Portugal e do Brasil, é muito grande, a comunicação nem sempre é fácil e temos dois modos de processamento linguístico muito diferentes e portanto, daqui a alguns anos, é natural que essa teoria venha a contempla o brasileiro como língua, porque em muito difere do Português europeu”, acrescenta Osório.
Um congresso que também ficou marcado por algumas surpresas. Ao contrário do que a organização previa inicialmente, a presença de comunicações sobre o novo Acordo Ortográfico, “não foram em grande número”. Segundo os membros do Comité Científico deste evento, “aquilo que despertou a verdadeira atenção e curiosidade dos participantes, foram mesmo as diferentes entre o Português nos dois países em causa”. Um campo de investigação “desenvolvido”, mas que pode agora conhecer “um novo fôlego”, confessa Paulo Osório. O organizador deste colóquio espera que o mesmo se volte a repetir, dentro de dois anos, na UBI.
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