UBI com novo ano lectivo
A cerimónia de abertura solene do ano lectivo, na UBI, veio reavivar no seio da academia algumas cerimónias protocolares que não tinham lugar há vários anos. João Queiroz, reitor da instituição covilhanense, falou do futuro da universidade, enquanto José Carlos Venâncio apresentou uma oração sobre a evolução cultural das sociedades.
> Eduardo AlvesHá já vários anos que a Rua Marquês D’Ávila e Bolama não era palco de um desfile académico com os docentes da UBI. Ontem, segunda-feira, 12 de Outubro, a cerimónia de abertura solene do ano lectivo trouxe para o seio da academia esta passagem.
Um acto que serviu essencialmente para o reitor da instituição dar conta das linhas de acção pensadas para os próximos tempos na instituição. João Queiroz começou por relembrar alguns dos pressupostos e das acções vertidas no seu programa de acção para a UBI. O reitor, que tomou posse em Julho passado, sublinhou o facto de estar a ser implementada na UBI “uma cultura de bem ensinar e aprender. Uma aposta que passa por servir os alunos da melhor forma”.
Para João Queiroz, a academia covilhanense é já hoje “uma organização aprendente, que incorpora a cultura do mérito”. Ainda assim, as principais alterações estão em curso, mas num cenário de constrangimento financeiro “os projectos conhecem uma dinâmica diferente da que esteve na sua origem”. O responsável máximo da academia covilhanense lembrou que o investimento feito nas universidades “é um investimento certo no futuro e no desenvolvimento de uma Europa mais competitiva”. A pensar nesse espaço mais alargado está a UBI, que nos próximos tempos, “vai caminhar no sentido da educação, da inovação e da investigação”.
Na abertura de mais um ano lectivo, Queiroz lembrou que a universidade “está pensada para os alunos, e é também com a ajuda destes que tem de ser pensada uma academia virada para a Europa, com uma dimensão social, uma empregabilidade, uma internacionalização e um método de ensino inovadores”. Por isso mesmo, o responsável máximo da instituição desafiou os alunos a terem um papel mais interventivo na vida académica.
O apelo parece ter sido compreendido por Pedro Venâncio, presidente da Associação Académica da Universidade da Beira Interior (AAUBI). Neste seu primeiro acto solene, Venâncio garantiu que esta nova direcção estudantil “vai trabalhar em conjunto com a Reitoria, não faz sentido ser de outra forma, e é para bem dos estudantes”. No projecto da lista a que preside “os aspectos sociais vão estar sempre em primeiro plano. Por isso mesmo, o nosso grande objectivo é o da formação pessoal dos alunos”.
Um evento que ficou também marcado pelo regresso das orações de sapiência à academia da Covilhã. Desta feita, o nome convidado por João Queiroz para proferir a lição foi o de José Carlos Venâncio. O catedrático de Sociologia falou sobre “A cruzada anti-ocidental: da inquietude ao diálogo”. Um tema onde o investigador da UBI lembrou que “a racionalização do mundo é um assunto que tem vindo a ganhar crescente valor”. Fruto dos processos coloniais e intelectuais que foram desenvolvidos em estreita relação com o capitalismo.
No entender deste docente e autor de várias obras sobre o assunto, “o problema do século XX é que separou as raças em caras e cores”. Um facto que leva Venâncio a dizer que “ainda hoje isso é visível e ainda hoje, em pleno Século XXI, o racismo continua a estigmatizar a Humanidade”. Nesta lição, o docente abordou também os caminhos que têm vindo a ser percorridos pelos países africanos e asiáticos. As adaptações que estas sociedades agora personificam, de novos conceitos, de novos culturas, de novos mundos. A abertura de fronteiras, a interligação cultural, económica e política leva a que o catedrático aponte “o inevitável, o facto do mundo estar hoje, mais que nunca, condenado ao diálogo e ao entendimento intercivilizacional”. Por isso mesmo, na sua lição, Venâncio falou na necessidade de repensar a actual conjuntura. Um requisito que resulta também de um intercâmbio de cultura e de valores.
A cerimónia terminou ainda com a intervenção de Carlos Salema. O presidente do Conselho Geral da UBI abordou também as dificuldades com que se depara actualmente o ensino superior em Portugal e falou sobre algumas soluções para o futuro. Salema é apologista de uma aposta “na qualificação de alunos e docentes e na diferenciação de métodos de ensino”. Para o presidente do Conselho Geral, “os novos caminhos de financiamento, as novas formas de gestão das universidades devem levar-nos, a todos, a pensar muito bem os nossos papéis”, reiterou.
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