Voltar à Página da edicao n. 508 de 2009-10-13
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      Edição: 508 de 2009-10-13   Estatuto EditorialEquipaO Urbi ErrouContactoArquivo •  
A UBI volta a integrar um projecto de têxteis inteligentes, desta vez, monitorizado por Nuno Belino

Tecidos eléctricos desenvolvidos na Covilhã

A Universidade da Beira Interior volta a ganhar destaque num projecto inovador da área dos têxteis. A mais recente investigação desta academia pretende criar um tecido que possa ser utilizado em materiais de descanso capazes de proporcionar maior conforto a pessoas acamadas e deficientes motores.

> Eduardo Alves

Contribuir para a resolução de um problema de saúde pública é uma das prioridades da investigação que está a ser desenvolvida no Departamento de Ciências e Tecnologias Têxteis da UBI. Um projecto, liderado por uma empresa do ramo, com sede em Gouveia, para o qual a academia covilhanense contribui com os seus conhecimentos científicos. Para além destas duas entidades estão ainda envolvidos uma outra instituição académica (INOV-INESC) e o Centro Hospitalar da Cova da Beira.
Segundo Nuno Belino, docente da UBI, o trabalho agora financiado por verbas Nacionais e comunitárias “prevê a criação de um electrotêxtil, um têxtil não convencional, que tem no seu interior uma matriz de sensores piezoresistivos que permite saber quais são as zonas do corpo humano que estão sob pressão e há quanto tempo eles se encontram pressionados”.
A ideia que está subjacente a este projecto é a de desenvolver um têxtil capaz de monitorizar posição do corpo humano, quando em repouso e assinalar as zonas de pressão. Tudo com o intuito final de “promover a movimentação temporizada do corpo, e assim, evitar a hipoxia e a necrose tecidular que advém quando os tempos de imobilização são superiores ao recomendado”.
Nuno Belino explica ainda que este projecto começou quando “verificamos as consequências da formação das escaras, também designadas por úlceras de pressão, em doentes que estão imobilizados ou acamados durante um longo período e constatamos o seu impacto na qualidade de vida dos pacientes, bem como, as perdas económicas associadas a esta situação”. No caso das pessoas que estejam acamadas durante longos períodos de tempo ou que tenham deficiências motoras, como por exemplo pacientes em coma, na unidade de cuidados intensivos, pós-operatório, enfermarias, “esse é um problema com uma gravidade acrescida”.
Nessa perspectiva, o têxtil que está a ser desenvolvido permitirá monitorizar esse paciente e alertar para os momentos em que este deve ser movimentado e onde. Dessa maneira, “consegue-se ter uma perspectiva exacta das necessidades dos pacientes”. Com a movimentação precisa do corpo “pode-se melhorar a saúde dos pacientes e evitar o aparecimento deste tipo de maleitas”.
O docente do Departamento Têxtil da UBI fala em pacientes, precisamente porque “temos aqui visados dois objectivos, o mercado hospitalar e o mercado ambulatório que são coisas distintas, até porque o grau de sofisticação e desenvolvimento que vai ser aplicado às diferentes soluções tecnológicas irão mudar a electroestrutura produzida”. No limite, com este tipo de têxtil inteligente, que poderá ser acoplado a um colchão ou outras plataformas de descanso “podemos ter o controlo remoto de toda uma enfermaria de acamados dentro deste género”, acrescenta ainda o investigador. “Poderá depois haver um servidor central o qual vai monitorizando as diversas camas e de uma forma imediata e em tempo real fornece informação sobre o estado de repouso de cada paciente e quais são as recomendações para este”, sublinha ainda. O intuito principal desta nova tecnologia passa também por permitir saber quais as zonas que estão em sobrecarga e que movimentos se devem fazer ao corpo para que a circulação sanguínea volte ao normal.
Estes “Revestimentos inteligentes para acamados e pessoas com dificuldades de mobilidade” vão agora começar a ser desenvolvidos na Covilhã por uma equipa de investigadores da UBI sobre a supervisão científica de Nuno Belino. É um projecto apoiado pelo QREN que tem na sua base quatro parceiros. O promotor líder, uma empresa da região de Gouveia, denominada, Quinta de São Cosme, “que tem conhecimento adquirido e cartas dadas ao nível da transformação têxtil”. Para além desta empresa, também estão envolvidas “duas entidades do sistema científico e tecnológico e o Centro Hospitalar da Cova da Beira”. Na perspectiva do docente, para além da ligação às empresas e do apoio na resolução de problema de saúde pública, o Departamento Têxtil da UBI “terá aqui um papel importante no desenvolvimento das estruturas e das novas aplicações no âmbito do sector têxtil, complementando, em certa forma, os conhecimentos que são trazidos pela empresa líder”. Acrescentando ainda que vão trabalhar com o Inov Inesc, instituição ligada ao Instituto Superior Técnico que será responsável pelas comunicações e pela sensorização que vai ser implementada.
Por último o CHCB, “que desde a primeira hora mostrou total disponibilidade e empenho através de João Casteleiro e Carlos Casteleiro e que nos irá dar apoio no âmbito do estudo médico-epidemiológico a levar a afeito”. Este é um projecto que tem um prazo de execução de três anos e tem um apoio finaceiro global superior a 500 mil euros. Nanotecnologia, funcionalização e têxteis inteligentes vão agora estar na base de todo este trabalho que poderá trazer mais uma patente científica para a UBI.


A UBI volta a integrar um projecto de têxteis inteligentes, desta vez, monitorizado por Nuno Belino
A UBI volta a integrar um projecto de têxteis inteligentes, desta vez, monitorizado por Nuno Belino


Data de publicação: 2009-10-13 00:01:00
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