No próximo domingo os portugueses voltam às urnas para elegerem os seus autarcas. Sendo eleições de proximidade, as autárquicas são um momento especial da nossa democracia: não se vota no deputado pára-quedista que o partido enviou de Lisboa, mas em alguém que partilha connosco os problemas e as dificuldades diárias. Espera-se, por isso, que os candidatos apresentem programas consentâneos com a realidade local, o que em muitos casos está longe de se verificar. Basta uma breve leitura aos programas para se perceber que existem diferenças abissais entre as candidaturas a um mesmo concelho: do novo candidato, que espera conhecer a situação financeira da Câmara para depois se comprometer, ao recandidato, que jura fazer agora o que não fez nos mandatos anteriores, do mais realista, que pretende apenas resolver os problemas reais das pessoas, ao mais ambicioso, que se propõe avançar com uma qualquer obra faraónica que perpetue o seu nome, há de tudo um pouco neste acto eleitoral.
Estas são, por excelência, as eleições em que as pessoas devem valer mais do que as siglas partidárias. Por isso interessa conhecer o passado dos candidatos no desempenho de funções comunitárias, ler os programas e estar atento aos debates e entrevistas promovidos pelos órgãos de comunicação regionais. É preciso saber quem defende modelos de desenvolvimento sustentáveis, quem propõe medidas que protejam os valores históricos, culturais e sociais da região, quem se preocupa verdadeiramente com o futuro a médio/longo prazo. Só desta forma será possível fazer uma escolha livre da influência caciquista daqueles que apenas procuram defender os seus próprios interesses.
O voto esclarecido depende do esforço de cada um na procura de respostas para os problemas da sua comunidade. Sucumbir às promessas fáceis, aos sorrisos de ocasião e aos brindes de campanha, é trair o espírito do municipalismo, um dos mais importantes movimentos cívicos da nossa história.
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