A campanha para as autárquicas já começou, mas o motivo de todas as conversas ainda são as Legislativas. Como é habitual, todos clamam vitória e, surpreendentemente, ganharam mesmo todos. O PS porque foi o mais votado, PSD, PP, Bloco e CDU porque aumentaram o número de votos e de deputados eleitos: mais seis para o PSD, nove para o PP, oito para o Bloco e um para a CDU. Ainda não são conhecidos os quatro deputados eleitos pelos círculos da Europa e Fora da Europa, mas a manterem-se os resultados dos dois últimos actos eleitorais, serão três deputados para o PSD e um para o PS, o que não altera as possibilidades de governação.
Enquanto o Presidente da República não indigita José Sócrates para liderar o futuro Governo, alguns dirigentes do PS já avançaram que o partido deverá governar sozinho, o que deixa antever três cenários de governação, todos eles baseados em acordos pontuais: uma governação à Esquerda com os votos de Bloco e CDU, uma governação de Centro-Direita com os votos do PP ou uma governação ao Centro com a abstenção do PSD.
A opção por qualquer um dos cenários comporta riscos para os partidos que viabilizarem a governação, ficando o PS na posição mais confortável face a eventuais eleições intercalares. Num cenário de dificuldades, o PS poderá culpar a oposição por não deixar governar sem maioria absoluta, recuperando o argumento das "forças de bloqueio". Por outro lado, se as propostas do PS forem viabilizadas, ora à direita ora à esquerda, o Governo envolve todos os partidos nas decisões, o que os co-responsabiliza por tudo o que possa acontecer. Num cenário de recuperação económica mundial, a situação do país poderá melhorar: neste caso, o partido do Governo terá a oportunidade de chamar a si os louros dos bons resultados, procurando provocar eleições antecipadas na esperança de obter uma nova maioria absoluta.
Com tantas alternativas, Portugal tem várias opções de governação e, por isso, o cenário político actual é um dos mais interessantes dos últimos anos.
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