UBI desenvolve plásticos biodegradáveis
Um projecto conjunto entre a academia covilhanense, a Universidade de Coimbra e a Universidade de Portsmouth visa o desenvolvimento de um plástico biodegradável. A aplicação deste novo material está agora virada para a área da saúde e foi explicada na passada semana, na Covilhã.
> Eduardo AlvesFoi um dos inventos mais aclamados de todos os tempos. O plástico e os materiais similares a este vieram alterar a vida do planeta. Uma alteração em vários sentidos, isto porque, depois da utilização massiva deste tipo de material, começaram a chegar os primeiros sinais do impacto deste tipo de compósito no ambiente.
São necessários cerca de 300 anos para a degradação de um saco plástico, na natureza. Os materiais utilizados na sua concepção, os mesmos que lhe conferem resistência e flexibilidade, são bastante difíceis de se degradarem. Mas a situação podem ser alterada dentro em breve por uma nova forma de obter este tipo de produto.
O Departamento de Engenharia Electromecânica (DEM) da Universidade da Beira Interior promoveu um workshop sobre nanotecnologias. Há já vários anos que Paulo Reis, docente de departamento, trabalha em parceria com a Universidade de Coimbra e também com a Universidade de Portsmouth. Um dos pontos altos deste evento científico passou pela apresentação de um projecto “onde está a ser desenvolvido um plástico biodegradável”, começa por explicar Paulo Reis. O mesmo docente acrescenta que o principal objectivo desta investigação, que aguarda financiamento do VII Programa Quadro, passa por “desenvolver novos plásticos de apoio médico, que são vulgarmente utilizados em vários objectos como garrafas de soro ou sacos para pessoas acamadas”. Neste momento, os investigadores estão a tentar transformar esses sacos plásticos com materiais mais resistentes, mas também biodegradáveis. Um passo que vai no sentido de “conferir mais resistência ao produto durante o seu tempo de vida útil, mas fazer com que estes se tornem biodegradáveis no final e possam ser transformados em fertilizante”.
Estas transformações são feitas através do material que está na sua construção. Desta maneira, o trabalho da UBI, “passa pela caracterização mecânica dos materiais, isto é, determinar as resistências e as capacidades dos novos materiais que vamos empregar nestes objectos”, lembra Paulo Reis. Este workshop de dois dias serviu também para mostrar as potencialidades das nanotecnologias. “Aquilo que foi aqui apresentado passou por uma leitura geral e também por uma mostra das potencialidades desta nova área de intervenção científica, que se aplica a todas as áreas”.
Mel Richardson, professor da Universidade de Portsmouth, trabalha com o docente da UBI há cerca de 20 anos e tem uma formação de base na Química. A parceria passa pela manipulação dos materiais “e a nossa colaboração rege-se através da área dos materiais”. Um trabalho conjunto “que passa por testar o comportamento mecânico dos materiais que ele me faz chegar”, diz Paulo Reis.
A nanotecnologia tem vindo a ganhar destaque nas investigações de ponta. Os seus vastos campos de aplicação contrastam com o tamanho dos instrumentos e materiais utilizados. Produzir ferramentas em escala atómica e molecular, com espessuras cerca de 80 mil vezes menores que um cabelo humano é a principal inovação da nanotecnologia que está agora também presente na academia covilhanense.
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