UBI desenvolve vestuário inteligente
Estão realizados vários protótipos de vestuário biométrico com aplicações na área da Saúde. O trabalho de investigação e demonstração realizado por uma equipa multidisciplinar, integrando vários Departamentos da Universidade da Beira Interior, conduziu ao desenvolvimento de uma cinta para grávidas que faz a leitura de vários parâmetros vitais no bom acompanhamento dos fetos, particularmente nas últimas semanas de gestação.
> Eduardo AlvesImagine uma normal peça de roupa que é capaz de recolher dados biométricos do corpo humano, com fins clínicos, tratar os mesmos e enviá-los directamente para um médico ou para um hospital. Uma ideia que até há bem pouco tempo poderia estar mais ligada a um qualquer filme de ficção científica, mas que uma equipa de docentes e investigadores da UBI tornaram realidade, em parceria com o Centro Hospitalar da Cova da Beira e com a Integration, Inc./Silicon Labs, Inc.
A instituição covilhanense conseguiu produzir vestuário inteligente. Trata-se de uma primeira peça de roupa, desenvolvida a pensar nas grávidas e nos vários exames de acompanhamento da saúde fetal, que são especialmente necessários no final de gestação. Esta é a “primeira de muitas aplicações práticas que este tipo de peças pode ter”, diz Sérgio Lebres. O professor do Departamento de Física da academia covilhanense é um dos responsáveis pela equipa que projectou e concebeu uma cinta para grávidas, integrada no projecto “Smart-Clothing”.
Sérgio Lebres começa por explicar que esta é “uma cinta normal, como muitas outras utilizadas pelas grávidas, mas que tem incorporado no interior do tecido, “um arranjo matricial de sensores capazes de auscultar o futuro bebé. Os dados biométricos adquiridos em diversos pontos da barriga da grávida, são reunidos e geridos num dispositivo electrónico-informático, incorporado na mesma cinta, e a partir daí comunicam com o exterior”. Uma descrição técnica que acaba por não ser visível na prática, isto porque, todo este complexo sistema de sensores e outros dispositivos de aquisição e processamento, mesmo incorporados numa peça de vestuário “pensada para o conforto do utilizador e para a sua utilização quotidiana”, estão dissimulados no tecido e “têm o tamanho de uma pequena moeda”, acrescenta o docente.
O tecido “esconde” alguns materiais condutores que permitem a ligação dos diversos sensores entre si e com o exterior da cinta. Uma inovação que tem aqui "apenas um exemplo de aplicação". Com os dados fornecidos por esta matriz sensorial consegue dar-se ao obstetra uma imagem de todos os movimentos do feto. Este sistema de monitorização fetal “permite, entre outras aplicações, a realização de um exame tocográfico de forma muito mais rápida e cómoda”, avança Martinez de Oliveira, médico obstetra no Centro Hospitalar da Cova da Beira e também um dos membros da equipa. Segundo este profissional de saúde, esta cinta “consegue registar os movimentos, as alterações e outras características que o profissional de saúde julgue necessárias examinar no paciente”. No caso das grávidas, “conseguimos ter em tempo real, a dilatação da barriga, as contracções provocadas pelo feto e em que local exacto aquelas contracções ocorrem”.
Toda esta análise, ou exame médico, pode ser feito à distância, uma vez que a grávida não tem de estar junto do seu médico, ou deslocar-se a uma unidade de saúde. Isto porque, “o profissional de saúde recebe, num programa informático também desenvolvido para este sistema, todas as informações que deseja recolher, permitindo assim uma maior comodidade e mobilidade à futura mãe. A cinta está equipada com um dispositivo de registo portátil de dados, que podem depois ser enviados ao médico através da Internet, ou simplesmente apresentados na próxima consulta. “O paciente está em sua casa, ou no seu trabalho e o aparelho pode, automaticamente, fazer o envio dos dados para o médico ou outra pessoa que esteja a acompanhar o estado do paciente”, acrescenta Sérgio Lebres.
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