Os estranhos assaltos da AAUBI
A sede da Associação Académica da Universidade da Beira Interior foi assaltada quatro vezes, no espaço de três semanas. Três homens e uma mulher foram detidos, na passada semana, pela PSP da Covilhã, depois de estarem dentro da “Casa Azul”.
> Eduardo AlvesUm cofre com cerca de quinhentos euros em dinheiro foi encontrado na posse de quatro jovens, com idades compreendidas entre os 17 e os 23 anos, na passada semana. O cofre, propriedade da AAUBI, tinha sido roubado do interior da “Casa Azul” momentos antes.
A Polícia de Segurança Pública interceptou o grupo “quase em flagrante delito”. Depois de três assaltos em três semanas, o edifício que alberga a academia de estudantes covilhanense passou e estar sob vigilância redobrada por parte das autoridades. E com razão, uma vez que o grupo voltou, acabando por ser apanhado. Contudo, depois de presentes a uma juíza do Tribunal da Covilhã e feita uma reconstituição do último roubo, no local, para provas em julgamento, o grupo foi posto em liberdade. Dois dos mesmos elementos voltariam a roubar um cabeleireiro, na Covilhã, dias mais tarde, mas acabaram por ficar em liberdade com obrigatoriedade de apresentação semanal numa esquadra de polícia.
Para Rui Garcia, aluno de Design Multimédia da UBI, e uma das pessoas contactadas pela Polícia de Segurança Pública para se deslocar à AAUBI com a finalidade de tomar conhecimento da ocorrência, estes assaltos “não são normais, não têm na sua natureza, apenas roubar dinheiro do interior da sede”. Garcia vai mais longe e acredita que “tudo está pensado para fazer desaparecer documentos, ou voltar a colocar alguma documentação desaparecida, nos arquivos e contas que vão ser alvo de uma inspecção”
Opiniões que se baseiam “nos factos e na forma como decorreram os assaltos”. Segundo a polícia “estas pessoas entraram na sede quatro vezes. Ora, existem ali computadores portáteis, televisores LCD, telemóveis e outro tipo de objectos bastante apetecíveis a este tipo de gente que nem sequer foram tocados”. A estranheza de Rui Garcia e de outros alunos começou a adensar-se ainda mais “depois de um segundo assalto, onde foi levado apenas um disco rígido de um computador. Ou seja, os larápios entraram na sede, deram-se ao trabalho de desmontar um computador e retirar o disco deste”.
A tudo isto acresce o facto dos assaltos terem começado “precisamente depois de uma Assembleia-Geral de Alunos (AGA), onde disse que ia avançar com uma providência cautelar e com uma auditoria externa às contas e à própria AAUBI”, acrescenta Garcia.
Para este aluno, o facto de nenhuma entrada da sede ter sido forçada e dos quatro assaltantes terem consigo chaves do edifício “reforça ainda mais a ideia de que estavam à procura do documentos ou esperavam repor alguns”.
Depois de ter interposto uma providência cautelar e esta ter sido aprovada pelo Tribunal da Covilhã, impugnando a última AGA, onde supostamente os destinos da academia covilhanense ficaram entregues a uma comissão de gestão, Rui Garcia espera agora “continuar a esclarecer alguns pormenores que neste momento escapam à própria vivência da AAUBI”. O aluno de Multimédia garante que não está “a acusar ninguém, nem a dizer que houve desvio de dinheiros, apenas que existem muitas irregularidades e situações ‘menos claras’ que devem ser explicadas”, sublinha. Neste momento, continua o pedido de uma auditoria às contas da AAUBI e uma inventariação dos documentos relativos às actividades da associação.
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