“Hotel de Província” no T’Amaranto
Amarante recebe o mais recente trabalho do Teatro das Beiras. No próximo dia 29 de Julho, pelas 22 horas, os Claustros da Câmara Municipal de Amarante vão ser palco da peça “Hotel de Província”.
> Eduardo AlvesO Teatro das Beiras participa na décima edição do “T’Amaranto – Mostra de Teatro de Amarante”. No próximo dia 29, o grupo covilhanense leva até ao Norte, o espectáculo “Hotel de Província” de Aleksandr Vampilov. O palco do T’Amaranto está instalado nos Claustros do edifício dos Paços do Concelho e as representações vão ter início às 22 horas. Esta mostra de teatro, que constitui já uma referência na agenda cultural de Verão, teve início em 1999, e acontece, habitualmente, na segunda quinzena de Julho.
Estreada em 2 de Outubro de 2008, ”Hotel de Província” de Aleksandr Vampilov, é um espectáculo construído a partir da comédia em um acto, “Incidente com um compaginador”, com encenação de Gil Salgueiro Nave.
A acção desenrola-se num hotel estatal algures na longínqua Sibéria onde o protagonista, um funcionário público de irrelevante importância social, se comporta como um cacique de poderes ilimitados, excedendo-se no seu exercício. Os conceitos de ordem e disciplina ganham um estranho sentido absurdo e incongruente num pequeno mundo donde parece ter-se ausentado a sensatez e a humanidade. A chegada de um novo hóspede ao hotel e uma vez equivocada a sua identidade, põe toda a estrutura de poder e chefia em causa, o hotel entra em colapso e desmorona-se caoticamente.
Como em outros momentos da história do teatro, também aqui a comédia é a forma de exorcizar fantasmas e pôr a ridículo os “poderosos” mesmo se o seu poder é mesquinho, insignificante e efémero.
Vampilov denuncia nesta comédia, a corrupção não apenas nas altas instâncias, mas nos mais pequenos funcionários, insignificantes sem identidade mas que mesmo assim exercem o seu escasso poder de forma tirânica.
Apesar da sua curta carreira, interrompida tragicamente aos trinta e cinco anos de idade, Vampilov marcou definitivamente uma nova geração de autores, podendo mesmo falar-se do teatro russo pós Vampilov, onde é latente a memória de Tchekov ou Gogol.
A tradução foi de Luís Nogueira e a encenação ficou a cargo de Gil Salgueiro Nave. Luís Mouro é o responsável pela cenografia e figurinos e Vasco Mósa pela iluminação e sonoplastia. Fernando Landeira, João Ventura, Luís Campião, Rui Raposo Costa, Sónia Botelho e Teresa Baguinho são os intérpretes. A fotografia é de João Antão.
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