O papel social do jornalismo

Na apresentação das provas de agregação à UBI, João Carlos Correia falou sobre o papel desempenhado pelo jornalismo enquanto agente construtor da realidade social. Um momento que serviu também para analisar o estado do jornalismo.

As evoluções tecnológicas, a globalização dos acontecimentos e a fragmentação dos públicos são fenómenos que actualmente afectam e alteram o jornalismo. João Carlos Ferreira Correia, docente da Faculdade de Artes e Letras da UBI, apresentou, nas suas provas de agregação, uma lição subordinada ao tema “O jornalismo e a construção do real: elementos para uma abordagem sociofenomenológica da teoria da notícia”.
O docente começa por explicar que esta lição “foi uma reflexão sobre o jornalismo, na medida em que foi uma lição sobre a teoria da notícia”. A questão fundamental que o autor procurou analisar com esta prova “foi a forma como as notícias influenciam aquilo que normalmente se chama a construção social da realidade, ou seja, de que modo é que as notícias influenciam o conhecimento que se tem do mundo”.
De forma a responder à interrogação de base, “servi-me de um conjunto de dispositivos teóricos para tentar fundamentar essa minha pergunta, que passa por saber como é que o jornalismo constrói a realidade que as pessoas recebem em casa”, diz Correia. O mesmo acrescenta ainda que “hoje em dia todos nós temos acesso à realidade, sobretudo através do modo como ela é construída pelos media” e por isso mesmo “procurei identificar alguns mecanismos que ajudam, precisamente a transmitir essa realidade até ao cidadão comum”, sublinha.
Como sendo uma lição essencialmente sobre teoria da notícia, “tentei, em certa medida, não abordar muito o aparecimento de um conjunto de novos fenómenos, infotaiments, reality shows, etc; todo um tipo de novos formatos designadamente televisivos e mediáticos, mas, não há dúvida que hoje também temos de reflectir sobre a forma como estão a influenciar o jornalismo”.
João Carlos Correia considera que actualmente “o jornalismo é, em larga medida, influenciado pelos reality shows”. Para comprovar esta ideia, serve-se “da forma como se mostram as pessoas, a família, os políticos e a sua intimidade, a forma como os políticos são convidados, por exemplo, a tocar um instrumento musical num programa jornalístico, e que, considero já tocar os limites do reality show”. Nesse ponto de vista, Correia alerta para o facto de “o próprio jornalismo estar a transformar-se, a modificar-se, a ter novas configurações e obviamente, isso não pode ser ignorado”.
As provas de obtenção do título académico de agregado decorreram no dia 29 de Junho, com a “Apresentação, apreciação e discussão do relatório para a unidade curricular de “Teoria da Notícia: Programa, Conteúdo e Métodos” e também, “Apreciação e discussão do curriculum vitae”, pelos professores António Carreto Fidalgo e Nelson Traquina. E no dia 30 de Junho, decorreu a “Apresentação e discussão do seminário ou lição subordinada ao tema “O jornalismo e a construção do real: elementos para uma abordagem sociofenomenológica da teoria da notícia”, sendo arguente o professor Moisés Adão de Lemos Martins.
O júri das referidas provas foi constituído por Aníbal Augusto Alves, professor catedrático da Universidade do Minho, Nelson Traquina, professor catedrático da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, Moisés Adão de Lemos Martins, professor catedrático da Universidade do Minho, António Carreto Fidalgo, professor catedrático da Universidade da Beira Interior, José Nunes Esteves Rei, professor catedrático da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e António dos Santos Pereira, professor catedrático da Universidade da Beira Interior.