Vários “estados de alma” na AAUBI

Depois de uma longa Assembleia Geral de Alunos, onde nove membros da equipa presidida por João Rey apresentaram a sua demissão, os presentes decidiram que a “Casa Azul” seria conduzida por uma comissão de gestão. Contudo, um aluno da academia interpôs uma providência cautelar em tribunal e espera agora revogar esta decisão.

O anfiteatro da Associação Académica da Universidade da Beira Interior foi palco de mais uma Assembleia Geral de Alunos (AGA). Reunião de cariz extraordinário que serviu para a instauração de uma comissão de gestão que vai conduzir a academia até às próximas eleições.
Nas mais de seis horas de reunião, foram lidas diversas cartas de demissão de membros que integravam a lista presidida por João Rey, que não esteve presente nos trabalhos. Luís Fernandes, presidente do Conselho Fiscal adiantava na sua missiva, entregue ao presidente da mesa da assembleia, que a falta de cooperação entre os vários órgãos e entre as pessoas da equipa conduziram a esta situação. Fernandes quis deixar alguns exemplos para esta tomada de posição, até porque se diz pessoa de “não abandonar compromissos assumidos”. Contudo “desde a primeira semana de trabalho que o Conselho Fiscal solicitou diversos documentos ao presidente da AAUBI e o gestor da casa, mas nunca nos foram entregues”. Documentos esses que serviriam para “o nosso trabalho e as nossas funções”, e que representam agora um exemplo de “como as coisas andavam”. Mas este estava longe de ser o único caso de descontentamento. Mais oito membros, entre vogais e responsáveis por várias secções apresentaram também a sua demissão. Missivas que mostravam o desagrado pela falta de colaboração entre os membros da equipa directiva da AAUBI. A estas demissões haveriam de juntar-se a de Amílcar Batista, por motivos de saúde e de Ricardo Morais, por motivos profissionais, que Rui Travassos, presidente da mesa da assembleia tinha já recebido há algum tempo.
Um cenário que levou assim à queda de toda a equipa directiva da AAUBI. Por isso mesmo, este encontrou serviu também para eleger uma comissão de gestão, constituída por dez alunos e presidida por Rui Travassos.
O até aqui presidente da mesa diz que esta “é a solução possível perante este cenário”. Para já, Travassos espera que os dias que se avizinham sejam mais calmos, até porque “este foi um ano muito atribulado para a AAUBI que se veio juntar ao passado recente de instabilidade”. O responsável pela comissão de gestão espera agora conseguir agendar as próximas eleições para o mês de Outubro. Os cerca de 40 alunos presentes aprovaram o calendário eleitoral que deverá ter início, oito dias após o começo das aulas do próximo ano lectivo.
Mas se o presidente da comissão falava em “acalmia”, alguns alunos presentes na reunião não se mostraram muito convictos da “legalidade da mesma”. Rui Garcia, estudante de Design Multimédia, ouvido pelo Urbi, diz tratar-se “de uma AGA ilegal à face dos estatutos e como tal já se tomaram medidas legais para resolver a situação que passam pela anulação de todas as decisões tomadas nesta assembleia”. A terem luz verde, estas medidas judiciais, vão assim anular a última AGA, reunião onde foi aceite a demissão de vários membros da equipa e que levou à queda da direcção e também da entrada em funcionamento de uma comissão de gestão.
Rui Garcia afirma ainda que toda esta demissão em bloco “não tem fundamento académico apenas fundamento pessoal”, lamentando que tal decisão tenha sido tomada a”cima dos interesses dos alunos da academia”. O mesmo acrescenta que na AGA “as únicas preocupações tenham sido apenas o kit caloiro e a recepção ao caloiro, ficando completamente esquecidos os problemas de pedagogia e acção social, e a defesa dos interesses dos alunos perante a nova equipa reitoral”.