Jornalismo em debate
O futuro do jornalismo de imprensa, o jornalismo ligado à ciência, o jornalismo online e o jornalismo ligado à política foram debatidos na UBI por António Granado e por Estrela Serrano, nas Conferências de Jornalismo organizadas pelo professor João Correia.
> Sara SusanoOs conferencistas convidados para os dois dias que fizeram parte das Conferências de Jornalismo foram, António Granado, Editor do Público Online, e Estrela Serrano, presidente da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC).
No primeiro dia, António Granado, também editor do Blogue Ponto Media, dividiu a sua conferência entre Jornalismo e Ciência e Jornalismo Online, devido à importância e uso que este tipo de medium actualmente tem. Por sua vez, Estrela Serrano que, segundo Paulo Serra, “é uma das pessoas mais conhecidas do meio mediático”, apresentou um estudo sobre Jornalismo Político.
António Granado, na primeira parte da sua exposição, estabeleceu a diferença entre jornalismo e ciência e falou dos principais obstáculos para se exercer jornalismo científico citando Rae Goodell, estudioso de jornalismo científico, “1. A ciência intimida, por isso uma relação próxima ajuda; 2. Os jornalistas têm falta de confiança neles próprios para julgar o que é importante; 3. A confiança pode ser estragada por uma má cobertura”. Estes problemas resultam no que é actualmente o jornalismo de ciência onde as “notícias são cada vez mais sobre revistas científicas, as notícias têm cada vez mais as mesmas fontes, as notícias são cada vez mais escritas nas redacções, são cada vez mais iguais não importa onde estão os jornalistas, e onde as notícias são cada vez menos sobre a ciência”.
Na segunda parte da sua conferência, António Granado falou do futuro do jornalismo no contexto multimédia, onde já se sentem três tendências que são “a convergência entre meios, audiência e produtores; o Imediatismo das notícias que cada vez mais se podem ter onde e quando forem precisas; e a participação, uma vez que a audiência cada vez quer participar mais”.
António Granado, também professor na Universidade Nova de Lisboa, falou igualmente do facto de o jornalismo se estar a tornar cada vez mais numa profissão individual devido às tendências previstas para o futuro das quais se destacam, “as dificuldades acrescidas em ganhar novos utilizadores para os media tradicionais; a “migração” para a Web da maioria dos órgãos de Comunicação Social; e a convergência total entre os diferentes suportes tradicionais”. O editor aproveitou para falar da “necessidade de os jornalistas investirem ao máximo na sua formação no meio multimédia”.
A conferencista do segundo dia, Estrela Serrano apresentou o seu estudo sobre a Mediatização da Política na Informação Televisiva. Segundo a convidada, “o jornalismo desempenha um papel político na sociedade e constitui um “quarto poder””. O seu estudo debruçou-se em três escalas: “1. Interacção entre jornalistas e fontes (escala reduzida); 2. Intersecção do jornalismo com o mundo político e com as audiências (média escala); e 3. Descrição dos processos jornalísticos sob diferentes sistemas políticos (larga escala)”. O seu estudo levou-a a conclusões como: “O meio mais procurado é a Televisão; o meio mais credível é a Rádio; e o meio que desperta mais espírito crítico é a imprensa”. Para concluir, Estrela Serrano falou de questões em aberto como o facto de a agenda jornalística ser própria e autónoma; de o jornalismo ter como objectivo informar para a cidadania e fornecer aos cidadãos elementos de decisão, e também ter como função dar voz, responsabilizar e promover os dirigentes políticos.
As Conferências de Jornalismo, que decorreram nos passados dias 21 e 22 de Maio, foram organizadas por João Correia, docente do Departamento de Artes e Letras da UBI. Segundo Paulo Serra, presidente da Faculdade de Artes e Letras e apresentador do evento, estas iniciativas são de grande importância uma vez que “sem nos permitirmos passar a Serra da Estrela e a Serra da Gardunha para além dela, e sem deixarmos que outras coisas e pessoas as passem também, será muito difícil enriquecermo-nos intelectualmente”.
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