Futuro do Têxtil e Vestuário em debate na Assembleia da República

A deputada do grupo parlamento do Partido Socialista apresentou à Imprensa as conclusões de uma reunião com deputados e empresários do sector da indústria têxtil e vestuário. Um documento onde são apresentados algumas medidas a aplicar nesta área.

No passado dia 27 de Maio, a Assembleia da República foi palco de uma conferência parlamentar sobre a Indústria Têxtil e Vestuário (ITV). Uma reunião com empresários e representantes do sector que serviu para que os deputados analisem a situação actual desta área de negócio e apontassem algumas medidas futuras.
Segundo Hortense Martins, “hoje já ninguém põe me causa o peso e a importância do sector da ITV, tanto em Portugal como na Europa”. A deputada do PS começou por lembrar que este sector representa, em Portugal, mais de 180 mil empregos; mais de três mil empresas, das quais mais de 95 por cento são PME. Uma área de negócio onde a exportação ultrapassa os quatro milhões de euros, e cujo volume de negócios ultrapassa os seis milhões de euros.
Desta forma, e para que o sector possa fazer face à crise instalada, o relatório final desta comissão, que será agora enviado ao governo, a empresários e representantes da área aponta várias acções para os próximos tempos. Uma maior aposta nos têxteis técnicos que representam já uma parte significativa do sector. Em Portugal estão referenciadas 70 empresas a laborar nesta área. Os membros do grupo de trabalho, depois de ouvirem empresários e técnicos, garantem que Portugal já começa a estar hoje em condições de vender inovação. Em tempos de crise, o grupo deixou uma referência positiva que passa por lembrar que as perspectivas de crescimento, a nível mundial, desta área, são cerca de 25 por cento, ou seja, a tendência é de aumento significativo do consumo destes tipo de têxteis técnicos e funcionais. Um sector “onde vimos as várias aplicações, que vão desde o desporto, (que incorpora cada vez mais a moda), às aplicações médicas, ao lar, e às aplicações na mobilidade”, adianta Hortense Martins. Por estas mesmas razões, uma das prioridades dos membros da Assembleia da República passa por apoiar o Cluster da Moda e do desenvolvimento tecnológico dos têxteis inovadores. Uma aposta que também se alarga à necessidade de criar marcas próprias e internacionalizar os produtos e as empresas portuguesas.
Nesta iniciativa, “Industria Têxtil e Vestuário – Trajectos de Futuro”, uma das principais reivindicações passou pela criação de um pólo de competitividade e tecnologia de âmbito nacional. Nesta reunião final foram apresentadas duas empresas de sucesso e de inovação tecnológica. A Fitecom e a Dielmar, ambas situadas no distrito Castelo Branco serviram de modelo para futuras entidades do sector.
João Carvalho, engenheiro têxtil e proprietário da Fitecom lembrou que “todos falam em competitividade, mas interessa saber, na prática, como esta se alcança. Temos aqui o caso de uma empresa que consegue fazê-lo porque identificou como essencial a produtividade, o design (moda e inovação) e a qualidade”. Mas para além disso, segundo João Carvalho, “competitivo, é aquele que melhor seja capaz de se adaptar à mudança”.
Também Luís Filipe Rafael, proprietário da Dielmar lembrou que “a estratégia ‘diferente’ da nossa marca passa por ser, ainda o mais tradicional possível. Será esta a forma de permanecermos no mercado, em determinado nicho”. Este responsável lembra que “foi importante internacionalizar e internacionalizar com marca própria. Presença em feiras, filmes de moda. E finalmente com rede de lojas próprias, com alfaiate residente, com o espírito tradicional”. Por isso mesmo, sublinha que “a aposta da marca é essencial, muito mais nesta altura, de crise”.