As audiências da Internet

Uma tese de doutoramento na área das Ciências da Comunicação, apresentada na UBI, teve como objectivo medir as audiências dos jornais online e com esses dados aferir o impacto destes novos meios.

Observar o comportamento das audiências na era dos meios digitais foi o principal objectivo de Jorge Ferreira Dias de Figueiredo, autor de uma tese de doutoramento em Ciências da Comunicação, apresentada na UBI.
No estudo intitulado “O comportamento das audiências na era dos jornais digitais”, o investigador procurou “ver em que medida é que a sociedade portuguesa reage às novas tecnologias, à mudança tecnológica, ao ciberespaço e verificar também se a sociedade está receptiva a essas tecnologias ou se ainda estamos perante uma fase de transição, de paradigma”.
Neste trabalho, o autor da tese acabou por descobrir “que ainda existem muitos leitores do jornal, apenas em versão de papel”. Números obtidos através de diversos inquéritos feitos na Universidade do Porto “onde os alunos declaravam qual o suporte em que obtinham informações”. Segundo os dados agora revelados por este estudo “apenas sete por cento dos leitores acediam aos jornais on-line, uma cifra inferior à dos que não lêem qualquer tipo de jornal”.
Jorge Figueiredo explica que estas conclusões se devem o facto de “ainda estarmos na fase da massificação do meio”. Por enquanto “o estudo conclui que Portugal ainda não fez essa mudança, essa transição”. Mas também aponta para o facto de “as tecnologias continuarem a chegar mais tarde”. Neste âmbito, Jorge Figueiredo lembra o caso da televisão, “que nos Estados Unidos estava bem disseminada logo nos anos 50 e em Portugal, no início dos anos 70, pouca gente tinha televisão. Nos meios rurais as pessoas iam aos cafés para ver a ‘caixa mágica’”. Com a Internet “passa-se o mesmo”. Na opinião deste investigador, a Internet “ainda é bastante cara, embora as pessoas tenham conhecimentos de todas as suas capacidades e potencialidades, mas ainda não aderiram a este meio, não abdicaram do jornal em papel”.
A tese foi aprovado por um júri constituído por Ricardo Jorge de Castro Neves Ferreira Pinto, professor associado da Universidade Fernando Pessoa, Joaquim Mateus Paulo Serra, professor associado da Universidade da Beira Interior, João Carlos Ferreira Correia, professor auxiliar da Universidade da Beira Interior, Anabela Maria Gradim Alves, professora auxiliar da Universidade da Beira Interior, João Manuel Messias Canavilhas, professor auxiliar da Universidade da Beira Interior e Gil Batista Ferreira, assistente do Instituto Politécnico de Coimbra.