Voltar à Página da edicao n. 485 de 2009-05-05
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Consolidar a actual escolaridade obrigatória

> João Canavilhas

O Conselho de Ministros aprovou a escolaridade obrigatória até aos 18 anos. Acredito que as intenções tenham sido as melhores, mas admiro-me que ninguém se tenha questionado acerca das reais consequências desta alteração. As dúvidas que se colocam são muitas:
- Será exequível prolongar a escolaridade até aos 18 quando ainda temos uma taxa de abandono escolar de 36% no sistema de escolaridade obrigatória até ao 9º ano?
- Como é possível manter os jovens até aos 18 anos na escola quando o acesso ao mercado de trabalho se faz a partir dos 16 anos?
- Que tipo de ensino teremos no futuro se quase metade dos alunos permanecer na escola contrariado?
- E que ambiente se viverá nas turmas em que parte significativa dos alunos apenas aguarda a chegada dos 18 anos, não demonstrando qualquer interesse pelas matérias?
- Para finalizar, mas não menos importante, como podem os professores ensinar quem não quer aprender?
Sei o que é ter um filho numa turma onde estão alunos repetentes e pouco interessados em aprender. Não há reunião de pais em que os alunos em questão não sejam tema de conversa, quer pelas suas atitudes, quer pela nefasta influência que têm junto dos colegas. Prolongar a permanência destes alunos até aos 18 anos é adiar o problema, com a agravante de no caminho se perderem mais alguns alunos devido às más influências.
Mais do que alargar a escolaridade até aos 18 anos, interessa ao país consolidar o ensino obrigatório até ao 9º ano. Como? Há várias soluções, mas uma boa hipótese é tornar este grau de ensino obrigatório para quem pretenda ingressar no mercado de trabalho ou para quem tira a carta de condução.


Data de publicação: 2009-05-05 00:00:01
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