Voltar à Página da edicao n. 484 de 2009-04-28
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Ensino Superior e autarquias

> João Canavilhas

Com a implementação do novo RJIES a decorrer em ano de eleições autárquicas, escolas de Ensino Superior e câmaras municipais iniciam um novo ciclo de quatro anos. Esta coincidência é uma boa oportunidade para se repensar a relação entre estas instituições, passando-se das boas intenções à prática de uma verdadeira cooperação.

Grande parte dos autarcas vê as instituições de Ensino Superior como meras fontes de receitas. Esta visão errónea faz com que alguns exijam um pólo universitário com a mesma argumentação que pedem ao Governo uma nova estrada, um hospital ou a instalação de uma empresa. Até podem ser investimentos da mesma grandeza, mas as semelhanças entre as três situações acabam aqui.

Um autarca que pede uma universidade para o seu município é uma pessoa bem intencionada, mas não imagina tudo o que é preciso fazer para que o sonho de hoje não se transforme no pesadelo de amanhã. Porque uma instituição de Ensino Superior no concelho implica ter capacidade para criar as condições necessárias ao normal funcionamento de uma comunidade com estas características. São necessários edifícios, evidentemente, mas também um ambiente propício ao estudo e à investigação, o que só é possível com dimensão e/ou muita especialização. E também é preciso oferecer qualidade de vida para quem chega, construindo infra-estruturas de apoio social, criando espaços de lazer, apoiando a integração nas organizações desportivas e culturais da região, dinamizando um conjunto de actividades ao longo de todo o ano e, por fim, criando perspectivas de emprego. Só desta forma é possível captar alunos num mercado altamente concorrencial e convencer os jovens licenciados a fixarem-se numa região periférica.

Como é evidente, nada disto se constrói do dia para a noite, nem se consegue sem uma verdadeira cooperação entre Governo, escolas e autarquias. Mais do que abrir novos pólos universitários, o Governo deve apoiar as instituições de ensino que já estão em funcionamento. As autarquias locais, por seu lado, devem juntar-se às escolas na exigência de melhores condições, contribuindo ainda para a criação de um verdadeiro ambiente académico. Só desta forma será possível ultrapassar as dificuldades que afectam com particular intensidade as regiões mais periféricas, como a nossa.


Data de publicação: 2009-04-28 00:29:44
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