Ecologia automóvel

As novas vidas dos automóveis e a contribuição dos engenheiros para diminuição da poluição através dos carros foram temas abordados no seminário promovido pelo Departamento de Engenharia Electromecânica da UBI.

Os 150 mil automóveis que todos os anos chegam ao fim da sua vida, em Portugal, produzem qualquer coisa como 130 mil toneladas de resíduos. Desperdícios que são em grande maioria tóxicos, corrosivos e bastante nocivos para o ambiente.
José Amaral, um dos engenheiros da Valorcar, entidade responsável pela certificação de empresas para abate de Veículos em Fim de Vida (VFV), explicou aos futuros engenheiros, a importância de politicas ecológicas na concepção deste tipo de produtos.
Este responsável começou por avançar que hoje a políticas das empresas construtoras de automóveis mudou “devido às novas legislações em vigor”. Para além do proprietário do veículo, “também os produtores têm responsabilidades pelo seu produto em todo o ciclo de vida, ou seja, mesmo quando este está a chegar ao fim e tem de ser desmantelado”.
Daí que estejam agora a surgir empresas criadas para o abate de veículos. E “desse abate estejam a ser aproveitados materiais para serem reutilizados”. Para além disso, ao existirem entidades especializadas neste tipo de actividades “temos a certeza de que todos os materiais perigosos que estão nos veículos, como os óleos, ácidos e outros, vão ser reciclados e acondicionados devidamente”.
Um dos grandes problemas com que se encontram, actualmente, as entidades oficiais, como câmaras e juntas de freguesia, para além das empresas de abate de VFV, “é o abandono de automóveis velhos nas ruas e o desconhecimento dos apoios ao abate do veículo”, sublinhou José Amaral. Em Portugal “talvez mais que em outros países europeus, exista um elevado número de veículos abandonados nas ruas”. Já sem falar do ponto de vista ambiental, “também existe o problema do espaço”. Este tipo de viaturas ocupa espaços, de forma definitiva, que podiam ser utilizados por outros automóveis. Segundo um estudo levado a cabo por uma investigadora da Universidade Nova de Lisboa, na freguesia de Penha de França, em Lisboa, “existiam 119 veículos abandonados, o que representa um em cada cem metros”, sublinha o orador.
Com o aumento de veículos a circular pelas estradas de todo o mundo “os quais se estimam em 200 milhões”, as políticas ambientais e de reutilização de materiais “são cada vez mais importantes”, sublinhou o orador. Em Portugal, a Valorcar certificou já 49 centros de abate de veículos. Apenas Guarda e Beja não estão ainda cobertos por esta rede “mas temos já empresas em processo de certificação”, garante José Amaral.