O segredo das pedras
Por momentos, o silêncio que preenche o enorme espaço da Real Fábrica Veiga, parte integrante do Museu de Lanifícios da UBI, foi quebrado por um grupo de pessoas que visitaram, acompanhadas de diversos profissionais, as ruínas daquela estrutura, outrora principal pólo industrial da “Manchester Portuguesa”.
> Eduardo AlvesAssociar o património e a ciência foi o objectivo da iniciativa do Museu dos Lanifícios da UBI, que no passado sábado também assinalou o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios.
Docentes da instituição covilhanense, directora do museu e arqueólogos conduziram o grupo de visitantes pelas instalações da Real Fábrica Veiga, que faz parte integrante deste museu. Tal como tinha sido apanágio do Conselho Internacional dos Monumentos e Sítios (ICOMOS), a ligação entre o património e ciência, com o objectivo de “proporcionar uma reflexão sobre o papel da ciência e da tecnologia no património cultural e, ainda, de incentivar a discussão sobre os potenciais benefícios da ciência no futuro no tocante à salvaguarda e à conservação do património” norteou também esta actividade.
O programa de actividades do museu começou com a visita guiada à área arqueológica da Real Fábrica Veiga. Um evento que foi conduzido pelos membros da Arqueohoje – Finding our future, responsáveis pela intervenção de conservação e restauro deste espaço que agora faz parte do núcleo museológico e Centro de Interpretação dos Lanifícios. Um local que agora fica aberto ao público e que mostra “duas antigas caldeiras que eram utilizadas para produzir energia que depois era utilizada nestas estruturas fabris”. Mais de duas dezenas de pessoas estiveram presentes neste evento onde se debateram diversas questões.
Elisa Pinheiro, directora do museu, adianta que a estrutura vai agora tentar novos financiamentos. Para já, está garantida a colocação e manutenção de uma estrutura que permita ter “ovelhas nas imediações da Ribeira da Goldra”, tal como nos tempos em que a indústria têxtil na Covilhã levou a que a cidade fosse considerada como a “Manchester Portuguesa”. Contudo, o grande propósito do museu passa ainda “pela instalação de uma roda mecânica junto à Goldra, que mostra a forma como era aproveitada a força da água para produzir energia”.
A directora do Museu de Lanifícios, Elisa Calado Pinheiro, apresentou também a aplicação dos sistemas de informação geográfica (SIG) à inventariação do património: o caso do inventário do património industrial e das vias pecuárias da Beira Interior. Um projecto que ainda recentemente trouxe até à Covilhã 80 cavaleiros espanhóis que percorreram as antigas “Rotas da Lã”.
Paulo Fiadeiro, docente da Faculdade de Ciências da UBI e responsável pelo Centro de Óptica da UBI também interveio neste evento. Fiadeiro orientou uma das palestras onde a ligação entre a ciência e o património está mais vincada. O docente da UBI explicou como um projecto desenvolvido no Centro de Óptica da UBI pode ajudar na identificação, catalogação e outras utilizações de obras e peças históricas, através “de sistemas de imagem espectrais em pinturas artísticas: uma revisão dos princípios e das técnicas”.
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