Curar a brincadeira

A segunda edição do Hospital Faz de Conta, na UBI, decorreu na passada semana. Cerca de 600 crianças das escolas da região passaram pela Faculdade de Ciências da Saúde e integraram esta iniciativa do Núcleo de Alunos de Medicina.

Pelos corredores da Faculdade de Ciências da Saúde ecoam as gargalhadas e as vozes das pequenas crianças. Os olhos dos mais pequenos percorrem o edifício branco e tentam descobrir-lhe todos os detalhes. Um grupo de cerca de 20 crianças vem agora de uma das escolas primárias da Covilhã. Dirigem-se para uma das alas desta faculdade, onde, durante uma semana, decorre a segunda edição do “Hospital Faz de Conta”. Por estes mesmos locais, pelos mesmos circuitos e com os mesmos objectivos hão-de passar mais de 600 crianças dos concelhos de Belmonte, Covilhã e Fundão.
Ana Rita Elvas, Mariana Ribeiro e Marta Fazendeiro, alunas do quarto ano de Medicina, são quem as recebe por esta altura. O sorriso rasgado, a simpatia que se junta à atenção e a dedicação das futuras médicas são ingredientes da “receita mágica” que vai integrar os mais novos no Hospital Faz de Conta. As alunas da UBI e coordenadoras do Núcleo de Estudantes de Medicina (MedUBI), entidade que promove este evento explicam que o principal objectivo deste evento “é tentar esbater e mesmo acabar com o receio que as crianças têm dos hospitais, do pessoal médico e dos serviços de saúde”. Por isso mesmo, este Hospital Faz de Conta assume-se como algo de muito sério. Todas as crianças “trazem um boneco seu e é a esse mesmo objecto que vamos fazer uma consulta, alguns exames e testes e receitar farmacêuticos”, começa por dizer Ana Rita Elvas.
O papel assumido pelas crianças, “que passam por responsáveis do paciente”, acaba por dar-lhe alguma tranquilidade, mas também “despertar-lhes a atenção para o normal que é uma consulta médica, ou um exame de Raio-X, entre outras coisas”. Este tipo de actividades começou por ser realizado pelos estudantes de Medicina em diversas instituições universitárias europeias. O MedUBI, depois da sua ligação a uma congénere internacional, passou também a promover o “Hospital Faz de Conta” na Covilhã.
A iniciativa “é já um sucesso”, garantem as coordenadoras da actividade. Ana Rita Elvas sublinha “o bom acolhimento do evento, por parte de toda a comunidade.” Prova disso mesmo são as mais de 600 crianças que passaram pela FCS durante a semana passada “e os mais de 320 alunos de várias licenciaturas que estiveram envolvidos nesta edição”. Isto porque, explica a futura médica, “nesta edição temos os colegas de Psicologia a acompanharem as crianças ao longo de todo o percurso”. Para além de orientação para os mais novos, os alunos deste curso da UBI “avaliam a forma como as crianças reagem e interagem com todas a situações que lhes são colocadas”, explica. Aos estudantes de Psicologia, juntam-se também os de Ciências Médicas e Ciências Farmacêuticas, “responsáveis pelos ‘exames’ e pela medicação dos bonecos que neste caso vestem o papel de pacientes”.
Este ano, o MedUBI contou também com o apoio da Guarda Nacional Republicana. Ao longo dos cinco dias do evento, elementos desta força policial, associados ao projecto “Escola Segura”, estiveram também nesta actividade para promover uma área de educação e saúde. As crianças que participaram no “Hospital Faz de Conta” tiveram também à sua disposição “uma casa onde existiam alguns perigos que tinham de identificar e que depois eram explicados pelos agentes”, acrescenta a aluna de Medicina. Os profissionais desta força policial promoveram também actividades e informações de prevenção rodoviária.