Voltar à Página da edicao n. 479 de 2009-03-24
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> <strong>José Geraldes</strong><br />

Tornar o País melhor

> José Geraldes

Neste País à beira-mar plantado que todos amamos e nesta sociedade de que fazemos parte, não há só cobardes, gananciosos e invejosos. Há pessoas de alto nível moral e profissional que são exemplos a imitar.
Um deles sobressai pela verticalidade das suas posições e como empresário de responsabilidade social na área dos negócios, facto raro em Portugal.  Este homem é Alexandre Soares dos Santos, dono do grupo Jerónimo Martins que detém os hipermercados Pingo Doce e Feira Nova.
Que faz este homem para nos afagar o orgulho de sermos portugueses acima da mediocridade nacional? Alexandre Soares dos Santos e seus filhos decidiram encontrar uma forma de servir a sociedade. E criaram a Fundação Francisco Manuel dos Santos, nomeando para a sua presidência o sociólogo António Barreto, figura de prestígio assaz conhecida.
Entre os membros da Fundação encontramos uma nata de homens de carácter, entre outros, como o constitucionalista Gomes Canotilho, Isabel Jonet, do Banco Alimentar contra a Fome, o cirurgião João Lobo Antunes, os professores Rosado Fernandes e Manuel Braga da Cruz e o bispo do Porto D. Manuel Clemente.
Que pretende a Fundação? Tornar Portugal um País melhor, revigorar a sociedade civil através de a realização “com total independência de estudos que permitam conhecer melhor a sociedade, colocá-los à discussão para saber quem somos para onde estamos a caminhar.”
Os curadores já esperam que os partidos políticos reajam contra e o próprio Alexandre Soares dos Santos já foi avisado “para se preparar para uma reacção violenta”. E adivinha-se porquê. Os partidos políticos não querem saber a verdade da realidade da vida dos cidadãos. Só pensam na conquista do poder, aliás legítima, os seus militantes nas mordomias a alcançar.
Os estudos vão incomodar. António Barreto e Alexandre Soares dos Santos estão conscientes disso. “Mas quando Portugal atravessa esta crise enorme, uma crise de identidade, uma crise que deriva de o País não saber para onde há-de ir e não possuir uma sociedade civil activa, achámos que só pode ser positivo desafiar a nação e os portugueses assumirem os seus problemas e ter uma voz actuante.”
A coragem do homem do Grupo Jerónimo Martins leva-o mesmo a dizer que não percebe a razão por que na terra do seu avô se tenha construído um ringue de patinagem onde há apenas duas crianças e maioria da população ter mais de 60 anos.
Como empresário a sua linha de actuação vai contra a corrente e a teoria do pensamento correcto. E com uma filosofia diferente. Se todos os empresários de Portugal seguissem os princípios deste homem, o País estaria numa posição de enfrentar todos os desafios que coloca a actual crise.
Em entrevista recente, refere a responsabilidade social das empresas. Mas sublinha: “A responsabilidade social começa dentro das empresas. Há muitas soluções antes de chegarmos ao despedimento que é a mais fácil de todas.” E concretiza: “Disse recentemente aos quadros do grupo que vamos ter de começar o corte de custos por nós próprios. Cortamos nos nossos carros, nos telemóveis, nos ordenados. Depois temos a isenção dos horários que também podem ser cortados. Vamos começar por sacrificar os que ganham mais.”
Quantos empresários falam esta linguagem? Afinal, há-os até que aproveitam a crise para fechar as empresas.
Homens como Alexandre Soares dos Santos são uma lufada de ar fresco para revitalizar o País. Para o tornar melhor e mais habitável.


Data de publicação: 2009-03-24 00:01:00
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