Voltar à Página da edicao n. 479 de 2009-03-24
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O Museu dos Lanifícios foi o ponto de chegada da comitiva espanhola

A UBI nos trilhos da lã

O Museu de Lanifícios da Universidade da Beira Interior acolheu uma comitiva de 80 cavaleiros espanhóis, que durante dois dias percorreram as antigas rotas da lã. Um evento que marca o final de projecto entre os dois países ibéricos e que teve a instituição covilhanense como líder.

> Eduardo Alves

A rua Marquês d’Ávila e Bolama foi ponto de chegada para 80 cavaleiros espanhóis, que no passado domingo, 22 de Março, chegaram até ao Museu de Lanifícios da UBI. Para trás ficaram dois dias de viagem percorrendo os seculares caminhos da Rota da Lã.
Com esta chegada à Covilhã termina também um dos mais recentes projectos deste núcleo museológico abrigado nas instalações da UBI, o da “Rota da Lã – Translana”. Trata-se de um trabalho que pretendeu recuperar a memória histórica do trajecto associado ao negócio de lãs realizado entre o Lavadero de Lanas, em Malpartida de Cáceres e diversas fábricas da Covilhã, de entre as quais se distingue a Real Fábrica Veiga, actualmente sede do Museu de Lanifícios da UBI, como era usual ser feito durante o séc. XIX.
”O nosso trabalho era identificar a rota, localizá-la e cartografá-la utilizando os sistemas de georeferenciação”, explica Elisa Pinheiro, directora do museu. Para além de tudo isto foi também feito “o levantamento e inventário das vias pecuárias, do património associado de âmbito agro-pastoril e o inventário do património industrial”. Tudo com o objectivo primordial de “criar rotas turísticas que não sejam de devastação do território, mas que se submetam ao meio ambiente e que se criem corredores ecológicos que sirvam o turismo”, sublinha a responsável pelo Museu dos Lanifícios. Elisa Pinheiro acrescenta ainda que “a Rota da Lã – Translana é uma grande via de circulação, que de certo modo se sobrepõem à via romana que ligava Córdova a Bracara Augusta, por isso os nossos parceiros estavam muito entusiasmados para que continuássemos com o trajecto, até porque essa é, no fundo, a espinha dorsal de toda a rota”. Depois existem itinerários que andam à volta desta rota e que cobrem o território abarcando os centros laneiros, abarcando as vilas operárias, o património industrial e as vias. Mas o trabalho da equipa “não se limitou apenas a identificar essa rota mas a identificar todo o sistema que andava à sua volta e que estava associado ao património agro-pastoril e ao património industrial”.
Esta comitiva de cerca de 80 cavaleiros iniciou o seu périplo em Malpartida de Cáceres, finalizando-o na Covilhã, no Museu de Lanifícios da UBI, onde se fez a entrega simbólica de um velo de lã lavado, proveniente daquela cidade espanhola. Esta iniciativa surge no âmbito do Projecto Rota da Lã – TRANSLANA, (Programa Interreg III A Portugal – Espanha, FEDER) que envolveu a Beira Interior e a Província da Extremadura espanhola. Para o efeito, foi empreendido um trabalho de investigação rigoroso, com recurso aos sistemas de informação geográfica e à inventariação do património, que deu lugar à publicação de uma obra, em dois volumes, a ser apresentada ao público proximamente.
O projecto, liderado pela Universidade da Beira Interior, através do Museu de Lanifícios, na qualidade de chefe de fila, teve, em Portugal, como parceiro o Instituto de Conservação da Natureza/Parque Natural da Serra de Estrela e como associados a Câmara Municipal da Covilhã e a Região de Turismo da Serra da Estrela e, em Espanha, o Consorcio Museo Vostell (Malpartida de Cáceres) e a Asociación para el Desarrollo de la Comarca Tajo-Salor-Almonte-TAGUS.
Elisa Pinheiro lembra, ainda assim, que “no início um dos nossos parceiros foi a Câmara Municipal da Covilhã que teve uma verba específica para fazer a sinalética de todo o percurso, mas por dificuldades internas, a autarquia não pode fazer esse trabalho”. A directora do museu adianta que em Espanha “o trabalho está todo feito, tendo por base a intervenção da comarca Tajo-Salor-Almonte”. Resta agora fazer esse trabalho de campo ao nível da sinalética, “no nosso concelho pelo que é difícil percorrer a rota no território português”, acrescenta a responsável.


O Museu dos Lanifícios foi o ponto de chegada da comitiva espanhola
O Museu dos Lanifícios foi o ponto de chegada da comitiva espanhola


Data de publicação: 2009-03-24 00:02:00
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