Teatr’UBI apresenta a marca da dor
Florbela Espanca é a base de todo o novo trabalho do Grupo de Teatro Universitário da UBI. Uma peça onde a linguagem gestual predomina num palco com decoração minimalista. Para ver dia 24 de Março.
> Eduardo AlvesTrês pessoas dão vida ao mais recente trabalho do Teatr’UBI. Uma peça apresentada ao Urbi na passada sexta-feira, 13 e que conta com textos adaptados das obras de Florbela Espanca.
“.Marca’dor.”, o nome deste trabalho co-produzido com a ASTA, vai ao encontro do universo psicológico da escritora, numa tentativa de imprimir aos vários estados emocionais, uma linguagem corporal. Por isso mesmo, os responsáveis pelo grupo, optaram por misturar o teatro com as novas linguagens artísticas e lembrar uma das mais importantes poetisas portuguesas.
Graça Faustino, Nícia Silva e João Cantador encarnam o texto que é transmitido para o público através de diferentes vias. Desde a declamação até ao canto, desde um megafone até ao grito, são muitas as formas e os meios utilizados pelos três interpretes que têm no palco um baloiço, um escadote e um arco suspenso.
Rui Pires, encenador de todo este trabalho refere-se a “.marca’dor.” como “uma nova forma do grupo”, até porque, “o teatro evoluiu e o público não quer apenas uma comédia, agora é mais exigente e tem mais atenção”.
É também a pensar no público que o novo trabalho está estruturado. Como está concebida e a forma como é apresentada a peça “pretende-se que cada pessoa tenha uma interpretação muito própria do trabalho dos actores”, salienta Pires. O responsável máximo por este grupo deposita fortes esperanças no novo trabalho do Teatr’UBI, até porque “esta é uma coisa diferente de tudo o que se faz em Portugal, é uma peça contemporânea que ousa arriscar”.
Em “.marca’dor.”, o Teatr’UBI tenta chegar o mais possível ao mundo de Florbela Espanca. “Procurámos viver e perceber o seu lado de loucura e de genialidade. Tentámos perceber a constante alteração de sentimentos que rodeiam toda a sua vivência e tentámos construir um texto e um subtexto que sirva de inspiração e de base ao processo criativo”, explica o encenador.
Ao longo de três quartos de hora mostra-se a luta constante entre a escolha da continuação da vida ou da morte. Por isso mesmo “.marca’dor.”, “porque se fala de dor, porque dor é mais do que um sentimento na obra e vida da escritora, é um estado emocional e físico, porque a poetisa chega a sentir na pele a dor que deveras sente”.
A direcção da peça está a cargo de Rui Pires que trabalhou textos de Florbela Espanca e José Costa. A cenografia é de João Cantador e Rui Pires e o voz off de Graça Faustino e Sérgio Novo. Um trabalho que estreia dia 24 de Março, no Teatro-Cine da Covilhã, cerca das 21.30 horas.
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