Abanar sem estragar

Peixe:Avião, a banda de Braga, que Adolfo Luxúria Canibal classificou de “milagre”, esteve Quinta-Feira no Café-Concerto do Teatro Municipal da Guarda (TMG). Os bracarenses entraram como surpresa mas embalaram a audiência e saíram com a confirmação que se esperava: têm qualidade para dar, vender e fazer upload.

A pergunta que quem passava pelo Café-Concerto do TMG ás 21.30h, fazia era:  “Serão os Peixe:Avião tão bons como os pintam?” De facto, a curiosidade era imensa para saber das potencialidades da banda de Braga ao vivo. Com várias músicas disponibilizadas na Net, e singles a passarem nas rádios nacionais, a oportunidade era agora de ouro para ouvir a estranha música de um Peixe que farto de se ouvir dentro de água quer ganhar asas e, pela imaginação, voar. Os Peixe:Avião ganharam a atenção do país musical, pela sua peculidaridade, pelo seu português estranho, pela sua despretensão, e foram elevados ao céu pela critíca de Adolfo Luxúria Canibal que os compara aos Radiohead e os classifica de “novo milagre da música portuguesa”.
Todas estas invulgaridades acerca de uma banda tão nova e que surgiu de rompante para a ribalta eram mais que suficientes para a audiência aguardar com impaciência a subida da nova coqueluche da música nacional ao palco. Eram 22 horas quando se baixou a luz e as estrelas apareceram. Sem grandes apresentações, os Peixe:Avião utilizaram desde logo a sua maior força de expressão: a música. Atirando Barra e Lama em Mão   a um Café-Concerto que se tornava o cenário ideal para os seus  abanões cuidadosos, como podiam confirmar o abanar de cabeças geral, quase hipnótico, que se podia verificar, a banda de Braga desde logo agarrou a plateia não a deixando distrair por um segundo.
Os ritmos de 40:02 foram ouvidos quase na integridade, enquanto Ronaldo Fonseca ia impressionando com uma humildade em palco que contrastava com o falsete que tornava melancólico o espectáculo que se presenciava. O bater de pé e abanar de cabeças continuou por todo o concerto num sinal de aprovação geral, enquanto se seguiam temas como Nortada, Camaleão e Estátua de Espanto. A maior salva de palmas estava guardada para A Espera É Um Arame o primeiro single de 40:02. Sendo uma banda que tem nos seus genes a electrónica e o solo, longos minutos foram também rasgados nesse sentido, com o “atrofio” cuidado ao melhor estilo Radiohead. Quando se despediram já toda a gente estava rendida a um talento natural para fazer música.
Os Peixe:Avião têm agora agendada nova aparição na Beira Interior, estando já confirmados na Semana Académica da Covilhã, na qual irão fazer companhia a Linda Martini, Deolinda, e Vicious Five, entre outros.