No panorama social, a cobardia é um cancro que mina as relações entre as pessoas e destrói as amizades construídas. Segundo os dicionários, a cobardia define-se pela falta de dignidade, pela baixeza de espírito que leva a não se assumir a responsabilidade dos actos reprováveis que se praticam ou a fugir aos deveres para com os outros.
O (a) cobarde não tem carácter. É incapaz de enfrentar as situações, cara à cara. E esconde-se por detrás de falinhas mansas e, até com ar muito angélico. Foge ao diálogo e evita qualquer tipo de discussão democrática.
A lealdade não faz parte do seu vocabulário nem das suas atitudes no dia a dia. O (a) cobarde habitualmente vive na hipocrisia como se de um modelo de vida se tratasse. E, ironia das ironias, sente-se feliz por assim se comportar.
É caso para perguntar que tipo de felicidade será este em que a traição se tornou um hábito. A cobardia também se encobre por elogios que, no fundo, correspondem a punhaladas nas costas.
O (a) cobarde usa artimanhas de sedução para dar a entender que é pessoa simpática. Só que vê sempre defeitos nos outros por mais íntegros que sejam. Mesmo se estes gozam de consideração geral.
A cobardia não é específica de uma classe social. Vemo-la estampada em personalidades que ocupam lugares importantes e nos escalões intermédios da sociedade. A classe dita baixa também não foge a actos cobardes. É a miséria humana, diria o pe António Vieira.
A actual crise por que o mundo passa, teve, como uma das causas, muita cobardia por falta de princípios de conduta humana aliada a uma ganância gigantesca e a uma ausência do mínimo de ética. O que diz o suficiente da maldade da cobardia em todos os aspectos da vida.
Mas aos(às) cobardes não falta imaginação. Então vá de construir uma rede de ditos amigos a que se dão, de tempos a tempos, umas prebendas para estarem na mão. E, este ano que vamos ter três actos eleitorais, vão abundar as ofertas. E, claro, em todos os partidos políticos mesmo que o não façam entender.
Mas também há as redes domésticas em que as pessoas são “compradas” para se alcançarem os objectivos desejados. Ou para influenciar uma decisão ou para se fingir um determinado fim para a auto-promoção de que se precisa.
Há cobardes que adoptam uma timidez que é meramente estratégica, transformando-se em víboras que mordem na primeira oportunidade. A atitude é falar pouco e actuar pela calada. Estes e estas são os manhosos de que fala Almada Negreiros referindo-se à maneira de ser dos portugueses.
Os (as) cobardes procuram estar na onda da modernidade. Recorrem aos meios sofisticados das modernas tecnologias mesmo que as não saibam usar. E os meios clássicos continuam.
Escrevem cartas anónimas, usam blogs cujos autores são desconhecidos, enviam sms anónimas para os telemóveis sem nunca darem a cara. É gente séria esta ?
Quem não assume a sua personalidade, na verdade e na lealdade, não merece crédito. Ou é o medo que move estas atitudes? Então, a nossa democracia precisa de uma profunda reforma.
Precisamos de homens e mulheres com verticalidade e honestidade. Que não usem a cobardia, a mentira e a hipocrisia como modo de vida. Para não construirmos uma sociedade dissoluta e se referências aos valores da nossa civilização.
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