Novos materiais de construção desenvolvidos na UBI
Está para breve a criação de uma unidade pré-industrial de fabrico de estruturas de revestimento com materiais reciclados. A construção civil é o mercado preferência destes novos produtos que podem ter diversas aplicações.
> Eduardo AlvesAs provas de agregação de João Paulo de Castro Gomes, docente do Departamento de Engenharia Civil e Arquitectura da UBI, decorreram na passada semana. Ao longo de dois dias, este especialista em materiais de construção e durabilidade de materiais apresentou alguns conceitos sobre os temas, mas também uma lição onde se mostram os mais recentes avanços nesta área.
Uma aula onde o docente do instituição covilhanense falou sobre as suas mais recentes investigações e aplicações práticas de alguns estudos. Trata-se da criação de novos materiais, “principalmente para serem utilizados na construção civil” e que têm como mais valia “o reaproveitamento de desperdícios das Minas da Panasqueira”. Este tipo de materiais passa, por exemplo “pela reutilização de britas em pavimentos de estradas de baixo volume de tráfego, com emulsões betuminosas que constituem uma solução muito económica”, mas também “pelo desenvolvimento de ligantes alcalinos a partir das lamas”, explica Castro Gomes. Para além desta duas possibilidades, entre um vasto leque de outras, o investigador avança também com “um terceiro campo de aplicação, que surgiu quando desenvolvemos materiais de revestimento de valor arquitectónico, a partir das britas que já não são utilizadas”. Materiais que, “estamos a utilizar no fabrico de painéis que servem, sobretudo, para revestimento e apuro arquitectónico, uma vez que tendo em conta a cor e a textura dos resíduos envelhecidos que estão na sua base, apresentam características únicas”.
A passagem destas soluções a produtos de mercado “deve acontecer através de uma empresa que trabalhou connosco desde o início do projecto e está interessada na criação de uma unidade pré-industrial”, confirma Castro Gomes. Sem adiantar uma data específica, o docente da UBI deixa a garantia de que o projecto de tornará uma realidade, em breve. Toda a parte de investigação que decorre na UBI tem sido apoiada pela instituição covilhanense e também pela Agência de Inovação.
Para além da criação de novos materiais de construção que se assumem como formas de reciclagem e preservação ambiental, este estudo tem também como propósito “chamar a atenção para os principais desafios da construção sustentável, sobretudo para a utilização de certos materiais de construção e para a reciclagem dos mesmos”. Castro Gomes lembra que as Minas da Panasqueira “produzem grandes quantidades de resíduos, sobretudo lamas e apresentei aqui algumas soluções para tratar esses resíduos que têm sido feitos ao longo dos anos”. Uma solução que passa pelo aproveitamento dos matérias que já não são válidas para um fim, mas que podem ser um ponto de partida para outras utilizações. O investigador defende que este princípio pode ser aplicado em diversos campos e com um vasto leque de materiais.
Mas, neste ponto, “há que lembrar as dificuldades de implementar políticas de reciclagem dos materiais e também as preocupações na utilização de materiais ambientalmente sustentáveis, como por exemplo, materiais que contribuam para a redução da poluição ou que não poluam mais e que contribuam para a redução do CO2”. Obstáculos que se prendem sobretudo com factores como o preço e ainda alguma desconfiança por parte dos compradores.
A investigação que esteve na base de todo este trabalho avaliou também os materiais “tendo em conta o seu ciclo de vida, o impacto ambiental e os parâmetros ambientais para conseguir a melhor forma de os utilizar”. É precisamente neste contexto “que consideramos o desenvolvimento de materiais ambientalmente sustentáveis cada vez mais importante, tal como o é a preocupação do impacto que os materiais utilizados habitualmente têm no ambiente e pensar novas soluções tendo em conta esse impacto”, reafirma Castro Gomes.
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