"A UBI é um pólo decisivo para a afirmação do Interior"
Desde sempre ligado à Beira, Francisco Sousa Soares, é agora um dos membros cooptados do Conselho Geral da UBI. Este engenheiro civil que foi já bastonário da Ordem dos Engenheiros dá a sua visão do que poderá vir a ser o novo Ensino Superior.
> Eduardo AlvesUrbi@Orbi – Como é que vê a abertura das universidades à comunidade exterior?
Francisco Sousa Soares – Este novo diploma do RJIES que vem permitir a entrada de membros externos à academia, no seu conceito geral, é muito salutar e de certeza que vem reforçar essa participação cada vez maior das universidades na vida das comunidades. E por outro lado, vem permitir também que as próprias universidades consigam maior ligação com o meio empresarial, um factor fundamental.
Penso que isso vai acontecer com todas as universidades e certamente estas também vão poder tirar partido disso mesmo, dessa ligação que existe com eles.
Urbi@Orbi – O que espera, particularmente, do Conselho Geral da UBI?
Francisco Sousa Soares – Espero que o conjunto dos seus 29 membros possa ajudar a UBI a ultrapassar as suas dificuldades. Nós estamos todos em grande dificuldade e esta é uma instituição importantíssima na Beira Interior, é uma instituição que precisa de todo o apoio e acho que é isso que todos os membros devem dar.
Urbi@Orbi – Com a entrada de elementos da sociedade exterior, como é que vê as universidades daqui a quatro anos?
Francisco Sousa Soares – Com grande esperança. As universidades são fóruns decisivos de desenvolvimento do conhecimento, e é preciso que em cada momento tenhamos universidades mais fortes. Estas devem apoiar o tecido empresarial, as autarquias e depois, também a termos estas instituições a recorrem mais às universidades para poderem resolver os seus problemas. Esta ligação biunívoca entre todos os agentes e as universidades vai dar um reforço que estou certo levará o País para a frente. Com tudo isto, apesar das dificuldades globais que estão aí, penso que as universidades vão ter um futuro risonho.
Urbi@Orbi – Foi durante vários anos Bastonário da Ordem dos Engenheiros. Como é que assistiu à evolução de uma universidade onde as Engenharias estão tão implantadas?
Francisco Sousa Soares – Há que dar os parabéns a esta instituição porque também estive envolvido no processo de acreditação de vários cursos e o caminho que foi feito desde essa altura até agora foi notável. Recordo-me do primeiro curso de Engenharia Civil, cuja candidatura à Ordem dos Engenheiros não foi aprovada, mas passado uns anos, a UBI apresenta uma nova candidatura e consegue a acreditação por um período de três anos. Depois desse primeiro tempo, uma segunda candidatura aprova o curso por seis anos, o que logo aí demonstra a capacidade notável de trabalho e evolução. Este percurso da UBI é raro e é um percurso de incentivo permanente à qualidade.
Os órgãos da Ordem dos Engenheiros sempre se mostraram cooperantes e participativos nesta afirmação de vontade de vencer da UBI. A própria Ordem tem aqui instalada uma delegação e penso ser salutar, no futuro, isso acontecer com outras Ordens.
Urbi@Orbi – Há quem defenda a necessidade de manter e até aumentar o número de universidades com cursos de Engenharia, distribuindo-as por todo o território nacional. Mas há também quem esteja precisamente contra essa intenção. Qual é a sua opinião sobre esta matéria?
Francisco Sousa Soares – Os cursos de Engenharia têm de ser acreditados. A Ordem dos Engenheiros tem esse papel fundamental de apoio às instituições e estas, como é o caso da UBI, quando constroem parcerias, conseguem afirmar-se por isso mesmo.
Estou certo que ao nível das Engenharias vamos sempre ter jovens que queiram ingressar nestas áreas, porque o País precisa sempre de novos técnicos, novas formações. Há uma matriz, a seguir ao Ensino Secundário, que necessita de ser ocupada nas suas várias valências. A Ordem dos Engenheiros tem actualmente a sua incumbência de apoiar a valorização profissional dos engenheiros, estes são os que têm o seu diploma ligado a 300 ECTS, ligado ao mestrado de Bolonha, mas também uma licenciatura com 180 ECTS e a formação dos Cursos de Especialização Tecnológica, e isso é fundamental.
Assume-se, de todo, importante que na Engenharia exista este conjunto de formações. Umas funções podem ser desempenhadas pelas universidades, outras pelos politécnicos, mas o que interessa é que a formação seja de qualidade e que tenha muitas pessoas a frequentá-la. Tudo isto para existir uma complementaridade das competências profissionais. Na fileira da Engenharia, a complementaridade é tudo, porque os engenheiros só sabem trabalhar em equipa e portanto necessitam de profissionais de vários níveis.
Urbi@Orbi – Criado na zona da Covilhã, de que forma assiste agora à inserção da UBI na cidade?
Francisco Sousa Soares – É muito interessante verificar este desenvolvimento da UBI nas antigas fábricas têxteis. Isto é uma coisa nova no País, é um exemplo também de boa recuperação do imobiliário e que agora serve para instalações desta casa de saber. A universidade dá muito à cidade e a Covilhã tem muito a ganhar com isso.
Recordo-me mais da minha avó a viver no Refúgio e é sempre com gosto acrescido que contribuo para esta região. A UBI é um pólo decisivo do interior e para que o interior não desertifique e que nesta zona seja um gosto de viver
Perfil de Francisco Sousa Soares
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