O VI Congresso Mundial das Famílias realizado no México de 14 a 18 de Janeiro último teve nula repercussão em Portugal. Jornais de referência e televisões sempre ávidas de escândalos familiares passaram ao lado deste acontecimento da maior relevância para a sociedade.
Ora a família está no centro da existência de cada um de nós. Daí merecer uma atenção especial, pois os grandes valores que formam a nossa personalidade, recebemo-los da instituição familiar.
O tema deste VI Congresso centrou-se precisamente na família como educadora dos valores humanos e cristãos. E 20 mil pessoas de todo o mundo reflectiram sobre esta temática em vários painéis e colóquios.
Uma das ideias que prevaleceu, privilegiou a família como a escola mais eficaz da humanidade e de vida cristã. Na família, foi sublinhado, “os valores não permanecem na teoria e as normas não são recebidas como uma imposição mas interiorizadas como exigências da vida pessoal como a verdade que tudo faz autenticamente livre e transformam-se em energias espirituais e virtudes.” Aliás, a experiência de todos nós confirma esta realidade.
Já nos anos 80 um documento de João Paulo II intitulado Familiaris Consortio acentuava, com vigor, estes princípios. Escreve o Papa: “A família é a primeira escola das virtudes sociais de que as sociedades têm necessidade.” E ainda: “Não obstante as dificuldades da obra educativa, hoje muitas vezes agravada, os pais devem, com confiança e coragem, formar os filhos para os valores essenciais da vida humana.” E uma norma sábia: “A comunhão e a participação quotidianamente vividas na casa, nos momentos de alegria e de dificuldade, representam a mais concreta e eficaz pedagogia para a inserção activa, responsável e fecunda dos filhos no méis amplo horizonte da sociedade.”
Que vemos por aí entre nós? Um aluno de dez anos que dá uma dentada na professora, pais que ainda hostilizam os professores por advertirem os filhos de má educação, telemóveis a servirem de meio de agressões. É a educação ao contrário. E não se diga que se trata de casos isolados. Mas a mentalidade que se criou, anda dentro destes parâmetros.
E o Estado o que faz? Que políticas segue de protecção à família? Ou de não-protecção?
O exemplo da Alemanha pode ser um incentivo de boas práticas de protecção familiar. O Governo desenvolveu uma série de medidas para favorecer a natalidade. Foram investidos a este propósito 189 milhões de euros. Nasceu um Centro para avaliar o impacto das medidas.
O resultado é que, em 2007, a fecundidade aumentou. Uma das causas desta melhoria reside no facto de milhões de pais terem aceitado a ajuda estatal, podendo passar mais tempo com os recém-nascidos. Muitos pais ficam entre três e 11 meses em casa. Outros fazem uma paragem na profissão durante um ano.
As empresas assumiram também o compromisso de se ocuparem mais da saúde dos seus empregados. O número de creches aumentou. E a partir de 2013 os pais que não desejem ou não possam levar os seus filhos a uma creche recebem uma ajuda mensal do Estado.
Os partidos políticos rivalizam em medidas de apoio à família.
A dedução fiscal de oito mil euros anuais por cada filho é a medida mais atractiva para as famílias. Assim os pais decidem como organizar livremente as suas vidas.
Eis um exemplo de carácter social decisivo. A educação para os valores humanos exige que os pais estejam com os filhos na idade da formação da personalidade.
Assim se preparam homens e mulheres para uma sociedade onde a procura do bem seja a razão de viver.
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