A raia teve honras, finalmente, a nível oficial, de uma decisão de alto gabarito saída da XXIV Cimeira Luso-Espanhola, realizada em Zamora. Trata-se do acordo sobre cuidados de saúde que assume uma grande importância pelo impacto na vida dos cidadãos.
O documento prevê que as urgências médicas na raia sejam encaminhadas para unidades hospitalares de qualquer dos países. Mas tendo em conta o local de emergência, a doença e os recursos dos hospitais existentes na zona.
Ficou determinado que as Administrações Regionais de Saúde e as suas congéneres espanholas vão estabelecer protocolos nas áreas da assistência médica sobretudo nos primeiros socorros em caso de perigo de vida.
Embora sem carácter oficial, no Norte, portugueses da fronteira com a Galiza vão ao médico a terras espanholas, há muito tempo. Aliás, o facto acontece ao longo de toda a fronteira culminando com o fecho da maternidade de Elvas e os partos passarem para Badajoz.
Há uma companhia de seguros internacional que, há meses, numa circular informava os seus segurados sobre os hospitais espanhóis a que podiam acorrer nas zonas fronteiriças. E a presença de médicos e enfermeiros espanhóis em Portugal continua a ser significativa.
A Ordem dos Médicos considera “este acordo uma perda de soberania, perigosíssimo e um risco enorme para o futuro se corresponder a um desinvestimento de Portugal na saúde nas regiões periféricas.” Quanto a este último ponto, para que a cooperação seja eficaz, exige-se maior esforço do Governo para tornar as unidades de saúde transfronteiriças mais competitivas. E dotá-las de maiores recursos logísticos e humanos.
Não parece que haja perda de soberania desde que se respeitem os devidos protocolos. E a cooperação transfronteiriça decorre da lógica das identidades territoriais.
A raia portuguesa e espanhola têm as mesmas características. O livro A Raia de Portugal e a fronteira do subdesenvolvimento de António Pintado e Eduardo Berrenechea publicado nos anos 70 e que já é um documento histórico, mostra, sem sofismas, esta realidade. Por isso, quanto maior cooperação transfronteiriça, melhor será para as populações.
A Caritas da Guarda e de Salamanca desenvolvem já um trabalho digno de registo em colaboração nos dois lados da fronteira e, com bons resultados para as gentes da raia portuguesa e espanhola. E o volumoso estudo sobre a região elaborado com a colaboração da UBI e que constitui uma análise exaustiva sobre a raia com dados actais, só confirma a justeza da cooperação transfronteiriça. Aliás, as iniciativas que estão no terreno, surgiram deste estudo feito em moldes científicos.
Em menor escala, a colaboração da dioceses da Guarda e Ciudad Rodrigo também é de assinalar. Por isso, o acordo sobre a saúde vem num momento próprio. E o que é preciso, é resolver os problemas das populações. Como neste caso.
A eleição do novo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama acende uma luz de esperança para o mundo. Embora com expectativas demasiado altas, importa ter em conta a geopolítica mundial para a sua actuação.
Barck Obama mostrou já que é um líder. E o mundo de hoje precisa de líderes. O seu programa assenta nos valores de sempre, pois “os velhos argumentos políticos que nos consumiram durante tanto tempo, já não se aplicam.”
Quais são esses valores ? Obama enumerou-os : “Trabalho árduo e honestidade, coragem e justiça, tolerância e curiosidade, lealdade e patriotismo.” Foram estes valores que fundaram a civilização ocidental.
Será que os políticos da União Europeia e os políticos portugueses e a sociedade portuguesa estiveram atentos a este programa ?
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