Voltar à Página da edicao n. 471 de 2009-01-27
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> <strong>José Geraldes</strong><br />

Há direitos e deveres

> José Geraldes

Em Dezembro último, comemoraram-se os 60 anos da Declaração dos Direitos do Homem, documento histórico nascido dos horrores da II Guerra Mundial. Este ano, é privilegiada a aprendizagem dos direitos humanos. Mas a temática dos direitos humanos não pode fazer esquecer os deveres.
Há direitos e deveres, há a liberdade de cada um e a liberdade dos outros. E a minha liberdade termina onde começa a liberdade do meu próximo. Um axioma consensual.
O equilíbrio na gestão dos direitos e deveres faz crescer a democracia. E tudo deve ser feito para que a democracia seja cada vez mais vivida, participada e preservada.
A revista Única do Expresso na semana que antecedeu o 10 de Dezembro de 2008, a data dos 60 anos da Declaração, procedeu a um exercício interessante. Adultos e jovens com as mais variadas profissões escreveram numa ardósia escolar os deveres que lhes pareciam ser proclamados. Eis a lista dos testemunhos.
Uma florista escreve: “Devo dizer à minha mãe que a amo.” Uma estudante de cinema: “Devia estudar mais.” Um vendedor de castanhas: “Procurar emprego.” Uma desempregada: “Devia escrever mais vezes no Livro de Reclamações.” Um ex-desenhador: “Devia ajudar mais quem necessita.” Uma psicóloga clínica: “Estar mais atenta aos outros.” Uma guarda-freio: “Devia passar mais tempo com a minha filha.” Uma vendedora de sapatos: “Devia fazer reciclagem.” Uma analista de vendas: “Devia votar mais.”
E os últimos seis interrogados disseram outra série de deveres. Assim: um técnico de imagem, cinema e publicidade: “Devia economizar mais recursos naturais.” Uma estudante adolescente: “Devia adoptar um gato.” Um figurinista: “Mais intervenção cívica.” Uma engenheira civil: “Devia dar sangue.” Uma estudante: “Devia parar o carro nas passadeiras.” E, finalmente, um homem-estátua: “Devia comunicar mais com as pessoas.”
Temos aqui todo um conjunto de situações de vida que nos dizem respeito para a harmonia interior de cada um. São deveres a praticar para que a sociedade seja um lugar onde todos procuramos aspirar a ser felizes.
Quem não deve cuidar da sua mãe com desvelo e carinho? Os estudantes deviam aplicar-se mais no estudo para o progresso do mundo. Ajudar os outros é uma tarefa básica do ser humano. A solidariedade deve ser um programa permanente. E a atenção aos outros neste mundo de egoísmo feroz tem de ser redobrada.
O passar mais tempo com os filhos é não só um dever principal dos pais mas também da sua educação e sustentação. A escola não substitui a família. E o que a família não dá, ninguém mais o pode dar.
A intervenção cívica integra a actividade do ser humano. A participação na “polis” enriquece toda a comunidade. E estabelece laços de responsabilidade pelo bem comum.
O dar sangue inscreve-se no dever humanitário de salvar vidas. E é um dever a ser sempre praticado. Conduzir com cuidado também contribui para evitar acidentes e mortes na estrada. Um dever universal.
O diálogo leva ao entendimento e à paz. Na expressão popular, a falar é que a gente se entende. O cada um fechar-se em si próprio só afasta as pessoas. A Escola de Palo Alto o diz: “Não podemos não comunicar”. Comunicando, estabelecemos pontes.
Há os direitos, há os deveres. Pratiquem-se os direitos e os correspondentes deveres. Teremos então uma sociedade onde cada um possa ter o seu lugar.


Data de publicação: 2009-01-27 00:00:00
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