É sempre a partir da sua realidade presencial, que o sujeito como agente de educação e desenvolvimento, tem a noção do lugar que ocupa no mundo e do significado da sua existência.
E é a partir desta consciência que o resultado da sua observação das conjunturas do meio onde habita e da sua prática essencial, bem como do resultado da compreensão das suas oportunidades e limi¬tações que transformam esta realidade. E é nesta probabilidade, que a educação e o desenvolvimento devem sempre possibilitar que os homens, através da problematização das suas relações com o mundo e com os demais, venham a aprofundar uma consciência da realidade, actual. Este acto de “estar em presença na situação” dando conta sempre de quais são as reais condições de vida, que lhe impõem sempre uma prática transformadora de reflexão como desempenho intelectual e de entendimento que, na sua vivência diária, o encaminha para a organização de uma consciência social prática, económica, política, ecológica e cultural.
1) A consciência social prática
O Ser Humano desenvolve a sua actividade transformante e reflexiva em relações conjuntas e inseridas num contexto limitado. E é neste processo de socialização e ou interacção conjunta, que este adopta e arquitecta uma determinada identidade colectiva que tem como limítrofe o conceito singular de criatura, numa sociedade organizada e de regras.
Esta consciência coincide com uma ordenação de papéis, numa hierarquia das instituições, de controlo e concordância social.
A organização do ecossistema é fundamental, dá consciência ao homem das suas relações e funções, organizando ideias levando a adoptar um posicionamento visível e realizável ao natural e ao social, uma rela¬ção interactiva que adquire consciência do seu ser e do seu sig¬nificado na realidade.
É portanto através da reflexão e da acção, que existe um real desenvolvimento do assegurar de uma existência própria.
2) A consciência económica
A sua condição no meio humano, leva-o a um processo de educação-desenvolvimento, tomando consciência do contexto económico, da percepção dos meios e das necessidades, o que exige observar com critério a utilização dos recur¬sos naturais e a sua transformação, acções que ocorrem com a produção de bens e a organização de variadas moda¬lidades de distribuição e ou consumo, que se alternam de acordo com a cultura onde se movem.
Esta noção de racionalização sustentável de meios leva-nos para o que se pode chamar um desenvolvimento sustentado da sociedade, permitindo que o sistema funcione numa rede defensável de produção, distribuição e consumo de bens. Esta gestão eficiente, determina o bem-estar das comunidades e do indivíduo.
3) A consciência política
A presença do homem no mundo não se reduz a coexistir em sociedade e à satisfação das suas necessidades vulgares, já que, a sua condição de ser social, remete-o para se sentir desenvolto no associativismo e no assumir decisões. Este acto de estar tem um sentido eminentemente político.
A acção e a reflexão política do ser podem recair no seu descontentamento ou conformismo levando-o a levantar questões diante dessa realidade: Qual é o modelo de sociedade? O que se remodela? Quais são os motores que podem operar essa reforma? O que se pode cruzar? Qual o tipo de participação? Que modelo de vida se está a estruturar a partir da metamorfose do mundo natural, social e económico? As mudanças concebidas ocorrem segundo os interesses gerais ou particulares?
Esta consciência de questionamentos e tomada de decisões, é um processo de educação-desenvolvimento, que pela sua essência enérgica, reflexiva e transformante, impulsionam a inteligência participa¬tiva dos indivíduos no âmbito social.
4) A consciência ecológica
A consciência ecológica parece ter acordado mais depressa primeiramente no que diz respeito ao esgotamento e poluição resultantes da opção feita pelos transportes e indústria, deixando a gestão de materiais, processos construtivos e métodos energéticos, para segundo plano.
O homem tem percepção do meio em que habita e das acções que exerce sobre o seu ecossistema. De uma forma deli¬berada ou não, o sujeito apodera-se do mundo natural e transforma-o, o que sugere a sua fundamental ligação e união com a natureza.
Através de um religar de conhecimentos, as universidades devem trabalhar no sentido de explicitar uma realidade eco-territorial estruturada com os conteúdos sociais e políticos do eco-desenvolvimento conferindo uma nova forma de pensar. Essa forma de pensar e a eco-filosofia, reivindica novos comportamentos sociais que facilitem a sua transformação sustentável.
É portanto a educação e o desenvolvi¬mento, processos e acções que fomentam a urgência e a consubstanciação de uma consciência social, económica, política e ecológica, devem traduzir-se em educação/formação do ser no conhecimento próprio, da natureza, da sociedade e da cultura recebida através dos séculos, esta compreensão integral que deverá dar sentido ao seu empreendi¬mento vital e torná-lo, ao mesmo tempo, objecto e sujeito de desenvolvimento. Colocando este numa condição de cidadão integrado e responsável na visão da correlação integradora regional, internacional e universal da humanidade.
João Rey - presidente da Associação Académica da Universidade da Beira Interior
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